Paulo Da Transbrasil BIOGRAFIAS
sábado, 2 de fevereiro de 2013
TRANSBRAIL FOI SAQUEADA P/ GENRRO DO DONO
Ministério Público vai denunciar ex-administradores da Transbrasil
Relatórios apontam indícios de desvio de bens da companhia, crimes falimentares e destruição de documentos
Sete anos depois da quebra da Transbrasil, o Ministério Público do Estado de São Paulo decidiu denunciar os ex-administradores da empresa. O motivo é a suposta autoria de crimes que teriam contribuído para a falência da companhia. O principal acusado é Antônio Celso Cipriani, um ex-policial que se casou com uma das filhas de Omar Fontana - fundador da Transbrasil, morto em 2000 -, chegou à presidência da companhia e tornou-se um empresário próspero fora dela.
A denúncia ainda não está pronta, mas já foi decidida pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Fernando Grella Vieira, que no último dia 18 designou um promotor para cuidar do caso. O processo vai se basear num relatório encaminhado pelo juiz da 19ª Vara de Falências, Clóvis de Toledo Júnior. Produzido pelos síndicos da massa falida da Transbrasil, o documento afirma terem sido encontrados indícios de desvio de bens da companhia, prática de crimes falimentares e destruição de documentos para, provavelmente, dificultar as investigações. São responsabilizadas, no total, 21 pessoas, com destaque para Cipriani e sua mulher, Marise.
O ponto mais obscuro na falência da Transbrasil, segundo o relatório, é o destino dos R$ 725 milhões que a companhia recebeu do governo em 1999. Naquele ano, a Transbrasil se tornou a primeira - e, até agora, a única - empresa aérea a receber indenização do governo pelos prejuízos com o congelamento de tarifas nos sucessivos planos econômicos.
O relatório da massa falida estranha que, apenas dois anos depois de receber a indenização, a empresa parou de operar por falta de dinheiro para comprar combustível, "sendo forte a suspeita de que esse numerário não foi, como deveria, utilizado para a capitalização da empresa".
No último levantamento sobre a situação financeira da Transbrasil, realizado seis anos atrás, a dívida estava em cerca de R$ 1,5 bilhão, contando apenas o passivo tributário e débitos com fornecedores. Esse valor vai aumentar, porque os especialistas nomeados pela Justiça estão reavaliando as dívidas e já foram procurados por mais de mil ex-funcionários que querem indenização.
Tumultuado desde o começo, o processo de falência da Transbrasil é contestado pelos advogados de Cipriani - o escritório de Roberto Teixeira, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles afirmam que a quebra da companhia foi decretada com base em um pedido falimentar indevido, feito pela General Eletric (GE), em 2001. "A GE fez o pedido alegando que a Transbrasil deixou de pagar uma nota promissória que, na verdade, já tinha sido paga", diz Cristiano Zanin Martins, responsável pelo caso.
De acordo com esse raciocínio, a denúncia do Ministério Público contra os ex-administradores da companhia aérea não vai se sustentar. "Não pode recair sobre os ombros de qualquer administrador a responsabilidade sobre os problemas da Transbrasil, quando ela foi prejudicada por uma situação indevida", afirma Martins.
O relatório da Justiça afirma várias vezes que Cipriani teria usado a companhia aérea para alavancar suas atividades particulares. "Impossível examinar a trajetória e conduta de Antônio Celso Cipriani", diz o relatório, "sem se surpreender com o fato de que, ao mesmo tempo em que enfrentava a Transbrasil sérias dificuldades financeiras, floresciam os seus negócios particulares, havendo suspeita de que o dinheiro da primeira tenha servido para alavancar os negócios do outro".
A história de Cipriani na Transbrasil começou no fim dos anos 70, quando ele ainda era investigador de polícia. Encarregado de proteger a família Fontana, dona da companhia, que temia sequestros organizados por grupos de esquerda, Cipriani arrumou um emprego no setor de auditoria da empresa. Conheceu Marise, uma das filhas de Omar Fontana, separou-se da primeira mulher e se casou com a filha do patrão. A partir daí, passou a ocupar cargos cada vez mais importantes até herdar a presidência da companhia.
Ao mesmo tempo, Cipriani construiu fora da Transbrasil um pequeno grupo empresarial. Ele tem ou já teve uma construtora, a fábrica de computadores Waytec, uma empresa de táxi aéreo, a representação dos aviões Bombardier no Brasil, uma mina de pedras semipreciosas e um resort com três montanhas no Colorado (EUA), onde montou uma estação de esqui.
Figura próxima ao governo - ele estava no palanque da vitória quando Lula foi eleito, em 2002 -, Cipriani saiu de circulação quando surgiram informações de que ele e Roberto Teixeira estariam tentando usar suas amizades em Brasília para salvar a Transbrasil ou ao menos capturar alguma parte do que restou da empresa. Até agora, não conseguiram.
CASO TUMULTUADO
Denunciados: Documento encaminhado à Justiça responsabiliza, no total, 21 pessoas por fraudes no processo de falência da Transbrasil. Os principais acusados no relatório são Antônio Celso Cipriani, ex-presidente da companhia, e sua mulher, Marise
Dinheiro: O ponto que mais chama a atenção no processo é o destino dos R$ 725 milhões que a empresa recebeu do governo em 1999, como indenização por perdas com congelamentos de tarifas em sucessivos planos econômicos. Dois anos depois, a empresa parou de operar por falta de dinheiro para compra de combustível, o que levaria a suspeitas de que o dinheiro não foi usado para capitalizar a companhia
Contestação: Advogados da Transbrasil contestam todo o processo de falência. Dizem que a quebra foi decretada com base em um pedido indevido. A alegação é que a GE pediu a falência alegando que a Transbrasil havia deixado de pagar uma nota promissória que, na verdade, já teria sido paga
TRANSBRASIL PODERIA SOBREVIVER !
Falência turbinada
A dívida que causou a morte da Transbrasil foi anulada pela Justiça e a americana GE, que exerceu o papel de cobradora, pode ter de indenizar os antigos donos da empresa
Por Hugo Cilo
Um dos mais polêmicos episódios da história da aviação brasileira ganhou nesta semana um novo e decisivo capítulo. A extinta Transbrasil, que desligou toda a sua operação em dezembro de 2001 num conturbado processo de falência, teve a dívida que levou a companhia à morte anulada pela Justiça.
Pela segunda vez, o Tribunal de Justiça de São Paulo considerou indevidos os US$ 22,5 milhões cobrados naquela época pela americana General Electric Capital, a GE, que fazia a manutenção das dez aeronaves da frota. As notas promissórias executadas, segundo a sentença, já haviam sido pagas pela empresa brasileira.
Mais do que o próprio ganho de causa, é o valor da condenação que impressiona. A GE terá de ressarcir todo o lucro cessante e os prejuízos causados à Transbrasil pela utilização das notas promissórias, além de pagar em dobro a quantia cobrada indevidamente – ou seja, cerca de US$ 45 milhões.
Corrigida pela inflação, a indenização pode chegar a US$ 190 milhões. Mas não só. Às vésperas da falência, quando a empresa aérea ensaiava uma fusão com a americana Continental, a Merrill Lynch calculou em US$ 250 milhões o preço da Transbrasil – quantia que, segundo a consultoria Economática, em valores atuais seria de US$ 1,047 bilhão.
Procurada pela reportagem, a GE não se manifestou sobre a condenação nem detalhou os planos da empresa. No entanto, na defesa apresentada pelo advogado Willian Marcondes Santanta, a GE garantiu que vários contratos que foram concretizados depois da assinatura das promissórias, renegociando a dívida principal, não foram cumpridos, o que motivou a companhia a executar os títulos.
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Hangar da empresa: a quebra foi decorrente da cobrança de um título de US$ 22,5 milhões pela GE, que já estava quitado
A GE poderá recorrer dos valores cobrados, mas não terá o direto de tentar provar a existência da dívida. Já o advogado da Transbrasil, Cristiano Martins, garantiu que a empresa continuará insistindo na reversão do processo de falência no Superior Tribunal de Justiça – o que, na prática, daria à empresa condições de administrar seus ativos e passivos ou até voltar a operar.
“Há vários cenários possíveis para a Transbrasil após o reconhecimento da cobrança indevida dessa dívida milionária. Passado o período de disputa judicial, as possibilidades serão analisadas”, garante Martins.
Quando a Transbrasil fechou as portas, em 2001, respondia por 20% do mercado aéreo brasileiro, mantinha mil funcionários diretos e administrava espaços nos principais aeroportos do País, os quais valiam cerca de R$ 1,5 bilhão em direto de uso. “A cifra da indenização ainda é desconhecida, mas a Transbrasil precisará ser ressarcida de todas essas perdas”, reforça Martins.
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A polêmica, no entanto, terá trechos turbulentos. O advogado Thomas Felsberg, especialista em falência, afirma que há margens na decisão que podem ser contestadas pela GE. “O grande desafio da Transbrasil será provar que a cobrança culminou em falência”, diz Felsberg. “Não sabemos qual era a real situação financeira da companhia.”
O embate vai longe. Seja qual for o último capítulo da novela Transbrasil – criada em 1955 por Omar Fontana, filho de Attilio Fontana, fundador da Sadia –, a decisão da Justiça reforça a tese de que a empresa brasileira pode ter sido injustamente derrubada pela GE, numa das maiores guerras que os céus brasileiros já viram.
HISTORIA DA TRANSBRASIL ( TBA )
Transbrasil
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TransBrasil airplanes at BSB 09 2009 7136.jpg
Transbrasil
IATA
TR ICAO
TBA Indicativo de chamada
Transbrasil
Fundada em 1955 (como Sadia S.A. Transportes Aéreos)
Encerrou atividades em 2001
Principais centros
de operações Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek
Sede Brasília, Brasil
Pessoas importantes Omar Fontana, Ruy de Mello Pedroso, Gianfranco Betting
Sítio oficial web.archive.org/web/*/www.transbrasil.com.br
A Transbrasil foi uma das três maiores companhias aéreas brasileiras, fundada em 5 de janeiro de 1955 sob o nome inicial de Sadia S.A. Transportes Aéreos. A Transbrasil encerrou suas atividades no final de 2001.
Índice
1 História
2 Interbrasil STAR
3 Aerobrasil Cargo
4 Frota
5 2001-2010
6 Referências
7 Ligações externas
História
A Transbrasil foi fundada por Omar Fontana, filho de Attilio Fontana, fundador da Sadia. Omar Fontana arrendou um DC-3 para transportar carne fresca de Santa Catarina para São Paulo. A ideia foi um sucesso, o que levou Omar a constituir a Sadia Transportes Aéreos. Em 16 de março de 1956, o DC-3 PP-ASJ iniciou serviços de carga e passageiros entre Florianópolis, Videira, Joaçaba e São Paulo.
Boeing 727-100 da Transbrasil no Aeroporto de Congonhas em 1976.
Em 1961 adquiriu a Transportes Aéreos Salvador, ampliando sua frota e voando até a região Nordeste. O Dart Herald começou a voar na empresa em 1963, primeiro de dez aeronaves do tipo operadas até 1976.
Os anos 1970 foram marcados pelo crescimento: em setembro de 1970, chegou o primeiro de 8 jatos BAC 1-11, inaugura a era do jato na empresa. Em 1973, Omar abriu o capital aos seus funcionários e mudou a razão social da empresa para Transbrasil S.A Linhas Aéreas.
Os aviões começaram a ser pintados em cores alegres e chamativas. Os primeiros EMB-110C Bandeirante, iniciam os serviços feeder no Brasil. Antes de a década terminar, a Transbrasil passou a ser a terceira maior empresa aérea do Brasil, voando com uma frota de dez Boeings 727-100.
Os anos 1980 foram marcados pela ampliação e consolidação. Omar Fontana preparou a Transbrasil para o grande salto: em junho de 1983 chegaram três Boeing 767-200, com os quais iniciou vôos "charter" internacionais para Orlando, Flórida, nos EUA. A "Década Perdida" deixou marcas na empresa: os sucessivos planos econômicos, desastradamente congelaram preços mas não custos, ocasionando enormes prejuízos.
Boeing 727-100 da Transbrasil em 1977, ao lado de um Boeing 737-200 da também extinta Cruzeiro.
Em setembro de 1988 Omar Fontana entrou na justiça com um processo contra o governo, exigindo reparação pelas perdas. A empresa sofreu uma rigorosa intervenção federal, que afastou Omar do comando. Pouco mais de um ano depois, a empresa foi-lhe devolvida com seu patrimônio dilapidado: o interventor havia vendido vários ativos da empresa. Omar tinha convicção de que a saída para a crise da empresa seria a expansão internacional.
Os anos 1990 foram dedicados à conquistar novas rotas internacionais (Miami, New York, Washington, Viena, Buenos Aires, Amsterdam e Londres) e a prosseguir na renovação da frota, incorporando novos 737-300 e -400, aposentando os 727 e 707 remanescentes. Mais 5 Boeing 767-300ER foram recebidos. Em 1995 houve até mesmo voos para a China (via Amsterdam), mas estes, como todos os outros, não foram adiante.
Os voos internacionais, vistos como tábua de salvação, tornaram-se um fardo. Em 1998 Omar deixou o dia a dia da empresa em virtude de sua saúde mas antes, assistiu ao cancelamento de todos os voos internacionais e, no front doméstico, ao encolhimento da empresa que fundou. No mesmo ano ganhou a ação que movera contra o governo, mas isso não foi suficiente para abrandar a crise.
Omar Fontana faleceu em 8 de dezembro de 2000. Depois disso, a queda da empresa foi vertiginosa, até que em 3 de dezembro de 2001 a Transbrasil ficou sem crédito para a compra de combustível: todos os seus voos foram cancelados. No dia seguinte funcionários fizeram protestos, exigindo o pagamento de salários atrasados.
Interbrasil STAR
Boeing 767-2Q4 da Transbrasil no Aeroporto de Paris-Le Bourget em 1983.
Era o braço regional da Transbrasil , iniciou seus vôos em 3 de julho de 1995 com três aeronaves EMB-120QC e transportou naquele ano 20 875 passageiros com 37% de aproveitamento. A estratégia era de ser uma feeder-line da Transbrasil, sua majoritária.Cogitou-se muito na operação dos ERJ 145 e Canadair porém nunca se concretizou. No início a empresa atendia as cidades de Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, com um vôo que partia de Guarulhos e também as cidades de Brasília, Goiânia, Chapecó, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçú e Porto Alegre.
Em 1996 a empresa transportou 57 710 passageiros e adicionou uma quarta aeronave Embraer 120, já no ano de 1997.
Em 1997 a empresa transportou 87 355 passageiros com 50% de aproveitamento. Neste ano a Interbrasil atendia treze cidades e encomendará outros 3 Embraer 120.
Em 1998 a InterBrasil transportou 98 244 passageiros com 55% de aproveitamento, números melhores que os de 1997, agora já voando com seis Embraer 120.
Em 1999 eram dez cidades atendidas além de participar na Ponte Aérea de BH para o RJ com o ATR 42-300 da Total. Naquele período a empresa transportou 299.379 passageiros mantendo 50% de aproveitamento.
Em 2000 já eram dezenove cidades atendidas em seis aeronaves EMB-120. Neste mesmo ano sub-arrendou um Boeing 737-300 da Transbrasil para operar de Congonhas para Porto Alegre e do Santos Dumont para Pampulha. O número de passageiros transportados ficou em 293 750 passageiros com 53% de aproveitamento.
Em 1 de outubro de 2001, a Interbrasil Star iniciou vôos no Aeroporto de Congonhas para destinos no interior do estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e a cidade de Belo Horizonte. Com a suspensão dos voos da Transbrasil, a Interbrasil paralelamente teve todos os seus vôos suspensos no final de dezembro de 2001, pelo fato de ser braço operacional da empresa.
Aerobrasil Cargo
Boeing 727-27C da Transbrasil no Aeroporto de Congonhas em 1984.
A Aerobrasil deixou de operar em Fevereiro de 1997. A companhia, que era o braço de carga da Transbrasil, operou em cores próprias dois Boeing 707, além de utilizar os porões das aeronaves da Transbrasil e locar aeronaves de outras companhias cargueiras, como a Evergreen, com seu Boeing 747. Em 1994 e 1995 estava operando com 3 aeronaves Boeing 707. Vamos entender melhor a criação do braço de carga da Transbrasil.
Em agosto de 1982 Omar Fontana procurou restaurar a posição do Brasil no mercado de cargas nacionais e internacionais e chegou a receber da Varig, em 20 de setembro de 1982, um Boeing 707, de prefixo PP-VJS, com capacidade para 42 toneladas de carga. Porém, em setembro de 1984, a Varig cancelou este contrato de leasing, provavelmente temendo a concorrência, segundo consta no livro Transbrasil – A Empresa e suas Aeronaves e a Transbrasil devolveu a aeronave em 16 de Novembro de 1984. Diante desta medida, Fontana adquiriu 4 Boeing 707 nos Estados Unidos e os converteu em QC (Quick-Change). Foram os primeiros 707QC no mundo. Estas aeronaves eram as de prefixo PT-TCJ, adquirida em 4 de dezembro de 1984, que operou até 12 de agosto de 1987; o PT-TCK adquirida em 3 de fevereiro de 1985 e operada até 23 de setembro de 1987; o PT-TCL adquirida em 13 de fevereiro de 1985 e operada até 23 de setembro de 1987;o PT-TCM adquirida em 5 de fevereiro de 1985, sendo transferida para a Aerobrasil em 1 de janeiro de 1991 e operada até junho de 1996; As outras aeronaves Boeing 707 operadas foram as de prefixo PT-TCN, recebida em 8 de março de 1985 e operada até junho de 1996; o PT-TCO adquirida em 27 de maio de 1985 operada até 11 de abril de 1987; o PT-TCP adquirida em 4 de fevereiro de 1986 transferida para a Aerobrasil em janeiro de 1991 e operada até novembro de 1994, quando se perdeu em acidente em Manaus; o PT-TCQ adquirida em 4 de fevereiro de 1986 e operada até 27 de julho de 1987; o PT-TCR adquirida em 25 de abril de 1986 e operada até 27 de julho de 1987; o PT-TCS adquirida em 25 de janeiro de 1987 e operada até 21 de março de 1989, quando se perdeu em acidente na aproximação para pouso no aeroporto internacional de São Paulo. Em 1996 as linhas da Aerobrasil ligavam Guarulhos, Brasília, Manaus, Miami e Nova York, esta última com o Boeing 747 da Evergreen.
Frota
Frota da epoca da falencia Avião Total Ano de Integração à frota
Boeing 737-300 11 1985
Boeing 737-400 1 1988
Boeing 767-200 3 1983
Boeing 767-300ER 1 1991
Frota da Interbrasil STAR Aeronave Total Ano de Utilização
Embraer EMB-120 Brasília 6 1995-2001
Frota da Aerobrasil Cargo Aeronave Total Ano de Utilização
Boeing 707-320QC 9(4 com cores da empresa) 1984-1997
Boeing 747-100F 1 1996-1997
Frota anterior Avião Total Periodo de utilização
BAC 1-11-500 7 1972-1978
Boeing 707-320C 9 1986-1989
Boeing 727-100 12 1975-1989
Boeing 737-400 7 1988-1999
Boeing 767-200ER 5 1991-1999
Boeing 767-300ER 4 1991-1999
Curtiss C-46 12 1962-19??
Darth Herald 6 19??-1970
Douglas DC-3 15 1962-19??
Embraer EMB-110 Bandeirante 6 1973-1976
Handley Page 3 1975-1977
2001-2010
Boeing 767-283/ER da Transbrasil no Aeroporto Internacional de Nova York-JFK em 1994.
Durante esse período houve pedido de recuperação da empresa mas este foi cancelado.
Em 2005 houve uma tentativa de compra pela colombiana Avianca e a brasileira Oceanair (Avianca Brasil) e voltar a operar com cargas, mas só passou de especulação.
Em 2006 o Supremo Tribunal Federal devolveu a concessão de empresa aerea, ela poderia voltar a funcionar, coisa que não ocorreu por causa do cancelamento da compra pela Avianca.
Em 2009, quase sete anos depois da quebra da Transbrasil, o Ministério Público do Estado de São Paulo decidiu denunciar os ex-administradores da empresa. O motivo é a suposta autoria de crimes que teriam contribuído para a falência da companhia. O principal acusado é Antônio Celso Cipriani, um ex-policial que se casou com uma das filhas de Omar Fontana - fundador da Transbrasil, morto em 2000 -, chegou à presidência da companhia e tornou-se um empresário próspero fora dela[1].
Em 2010 a dívida que causou a morte da Transbrasil foi anulada pela Justiça e a americana GE, que exerceu o papel de credora, pode ter de indenizar os antigos donos da empresa, por causa de uma cobrança que já havia sido paga[2]. Por isso ainda há esperança que ela volte a operar.
Referências
↑ http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090427/not_imp360948,0.php
↑ http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/24490_FALENCIA+TURBINADA
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Diversas Biografias - BPI.rtf
William Godwin 1756-1835
W. Godwin nasceu e morreu na Inglaterra. Estudou Teologia e foi nomeado pregador anglicano em 1778. E quatro anos mais tarde, abandona a religião e dedica-se a escrever. Godwin antecipou-se a Proudhon ao contestar o Estado, com palavras como estas: "Não podemos esquecer que todo o governo é mau; é a abdicação do nosso próprio raciocínio e da nossa consciência". Perseguido pelos poderosos e reacionários da época, assim mesmo conseguiu realizar uma obra anarquista, ser o pioneiro, o desbravador da selva por onde viriam a percorrer tantos vultos do anarquismo. Entre suas obras: "Justiça Social", é das mais importantes, expressa com bastante clareza as idéias do filósofo libertário.
Proudhon 1809-1865
Nasceu em Besançon e faleceu em Pasy, França. Operário tipógrafo, conseguiu pelo seu próprio esforço tornar-se dono de invejável cultura. Foi o primeiro homem de idéias socialistas a denominar-se anarquista. Pode-se dizer que foi o criador do termo tal como se conhece corretamente em nossos dias. Suas idéias sacudiram e renovaram as mentes dos povos e dos economistas em todo o mundo. O movimento socialista e anarquista tiveram em Proudhon o grande motor que lhe faltava para correr mundo. Em muitos países o movimento socialista e as lutas de classe apareceram por influência de Proudhon, fazendo escola, inclusive em Portugal desde 1839, na palavra do engenheiro Souza Brandão e do publicista Lopes de Mendonça. Seus primeiros trabalhos foram de enriquecimento da "Bíblia" com "Elementos Primitivos das Línguas" e "Ensaios de Gramática Geral", quando foi encarregado de imprimi-la. Por isso a Academia de Besançon premiou-o com uma pensão de 1.500 francos. Escrevendo sobre a sua classe, a do proletariado, Proudhon terminava assim: "Ouço gritar por toda a parte: Glória ao trabalho e à indústria! A cada um segundo a sua capacidade, a cada capacidade segundo as suas obras. E vejo de novo esbulhadas, três quartas partes do gênero humano; dir-se-ia que o esforço de uns fecunda o trabalho dos outros; como água do céu". Entre as suas obras mais importantes figuram: "Sistemas das Contradições Econômicas" (650 págs.), "O que é a Propriedade?" (310 págs.), e "As Confissões de Um Revolucionário" (320 págs.). Proudhon, foi um autodidata erudito, pioneiro do socialismo anarquista, em cuja escola Karl Marx foi aluno, aprendeu muito.
Malatesta 1853-1932
Nasceu na Itália. Foi estudante de Medicina, sendo obrigado a abandonar os estudos para ser coerente com suas idéias. Em 1884 já estava exilado por ter participado de movimentos insurrecionais. Com a epidemia em Nápoles, voltou ao país para prestar seu concurso e o governo suspendeu a condenação que pesava sobre ele. Esteve depois na Argentina, na Inglaterra, e retomou à Itália acabando preso, condenado e deportado para Ilha de Lampedusa de onde fugiu. Foi um dos mais vigorosos anarquistas, jornalista, escritor, polemista ímpar. Escreveu muito nos jornais libertários
e deixou-nos "Entre Camponeses", "No Café, Anarquia" entre outras obras. Luis Fabbri, seu mais importante biógrafo, 368 páginas de vida e obra do dinâmico anarquista italiano - disse: "Se Pedro Gori foi o poeta e o porta-bandeira da nossa idéia em Itália, Errico Malatesta foi o seu pensador e agitador ao mesmo tempo. Exerceu uma enorme influência sobre quem o avizinhava, não só intelectual mas ainda moral, porque havia nele também um tesouro de bondade, dessa bondade superior que pudemos encontrar nos nossos Eliseu Reclus e Luiza Michel".
Kropotkin 1842-1921
Nasceu em Moscou, em 1842 e morreu em 1921. Escritor e filósofo russo, descendente de família nobre (príncipe), anarquista dos mais eminentes em todo o mundo. Conhecido pelas suas obras doutrinárias, erudição profunda e vasta cultura, e pelo desprezo que votava ao dinheiro, aos governos e às leis. Foi considerado o maior apóstolo da liberdade do século dezenove. Como geógrafo percorreu a Sibéria e a Mandchúria e teve contato com a miséria do trabalhador do campo. Em 1872, durante uma viagem a Bélgica e Suíça, filiou-se na Primeira Internacional dos Trabalhadores. De volta a Rússia, militou nas organizações secretas. foi descoberto e preso na fortaleza de Pedro e Paulo, conseguindo fugir para a Inglaterra. Suas obras refletem a sua fé no anarquismo científico: "A lei que nos apresentam - diz Kropotkin - como em atestado de bons costumes não é mais que um instrumento para manter a dominação dos ricos ociosos sobre as massas laboriosas". Depois da Revolução de Fevereiro regressou à Rússia mantendo sua posição anti-autoritária até o último dia de vida. "A Conquista do Pão", traduzida e publicada em mais de uma dezena de idiomas, converteu muita gente ao anarquismo. No Brasil - destacaram-se Florentino de Carvalho e Astrojildo Pereira, entre outros.
Bakunin 1814-1876
Anarquista russo. Nasceu em Priamouchino, Rússia e morreu em Berna, Suíça. Bakunin, foi o mais notável e o mais irrequieto anarquista do seu tempo; talvez de todos os tempos. Condenado à morte na Rússia, na Alemanha e na Áustria, e a 8 anos na Fortaleza de Petropanlowsk, conseguiu escapar para se apresentar mais adiante, em outra cidade ou. em outro país, a falar de anarquismo, em cartas, folhetos, em comícios ou a combater de armas na mão. "Na Rússia entre os estudantes, na Alemanha, entre os revolucionários de Dresde, na Sibéria entre seus companheiros de desterro, na Itália, entre todos os homens de boa vontade, a sua influência direta foi considerável. A originalidade das suas idéias, a sua eloqüência cheia de imagens e de veemência, o seu infatigável zelo pregador, a ajuda pelo majestoso do seu aspecto e por sua vitalidade poderosa, levaram Bakunin a entrar em todos os grupos revolucionários socialistas, e a sua ação deixou em todas as partes vestígios profundos, mesmo entre os que, depois de o acolherem, o combatiam por diferença de fins ou de métodos. A sua correspondência era das mais extensas; noites inteiras passava redigindo longas cartas para os seus amigos do mundo revolucionário, e algumas dessas cartas, destinadas a animar os tímidos, a despertar os adormecidos, tomaram proporções de volumes. A estas cartas se deve sobretudo a ação prodigiosa de Bakunin, no movimento revolucionário do século passado". (Palavras de E. Reclus e C. Cafiero). Sobre a figura inteligente, culta e revolucionária do anarquista russo, escreveu um dia Flocon, político da república francesa: "Se houvesse em França 300 homens como Bakunin, seria inteiramente impossível governá-la". Bakunin proclamou em pleno século XIX: "O mando corrompe o Homem!" Já lá vão quase dois séculos e a sua PROCLAMAÇÃO continua atual. Para entender melhor este gigante revolucionário é preciso ler as obras completas de Bakunin (5 Vol.), os muitos volumes e artigos que falam deste agitador russo, e ver a EXPOSIÇÃO ITINERANTE com flashs da vida e obra desse anarquista apatriada correndo seu país de nascimento e toda a Europa (1997-1999).
Louise Michel 1833-1905
Nasceu em Troyes e faleceu em Marselha, França. Professora, anarquista, conferencista, jornalista, escritora, poetisa e revolucionária, Louise Michel foi o que se pode chamar um grande coração cheio de Amor à Humanidade. Dedicou sua vida aos humildes, lutou por eles na Comuna de Paris e foi presa muitas vezes. Não obstante a sua luta em favor dos humildes, um dia, quando falava no Havre, um operário (Lucas) atentou contra a sua vida, não o tendo conseguido por imperícia. Refeita dos ferimentos, Louise Michel, não só intercedeu junto das autoridades para que Lucas fosse solto, como proferiu conferências com entradas pagas, em benefício da esposa do infeliz que a tentara matar para servir ao Padre Leal. Quando da morte da anarquista, Louise Michel, a cujo funeral compareceram mais de 200 mil pessoas, nas esquinas de Paris, foi afixada esta proclamação: "Ao povo de Paris - Louise Michel morreu! Admirável de abnegação e de heroísmo, foi uma criatura excepcional, das que honraram a humanidade. Na nossa época de decomposição social, de arrivismo desenfreado, de frio egoísmo que gangrena, mesmo os novos, esta mulher chegou à idade de 70 anos como ardente evangelizadora da emancipação social. Louise Michel encarnou e sublimou todo o Belo Humano: a generosidade, a bravura, a abnegação, tudo realçado pela mais nobre simplicidade". "Diante do Conselho de Guerra, quando da Comuna de Paris, disse ao tribunal: "Eu não quero ser defendida, mas aceito a responsabilidade dos meus atos. O que peço é para ser conduzida ao Campo de Satory, onde foram conduzidos e metralhados os nossos irmãos. Já que, segundo parece, não há mais direito para todo o coração que pulsa pela liberdade, do que um pouco de chumbo, eu peço a minha parte. Se não quereis ser uns vis, matai-me". Esta era a anarquista Louise Michel, a quem os juízes, não tendo coragem de mandar fuzilar, deportaram para a Caledônia.
Emma Goldman 1869-1940
Anarquista, nasceu na província de Kovno, Rússia. Em 1882 foi com seus pais para São Petersburgo. Aos 17 anos, como tantos intelectuais, Emma quis juntar-se ao povo: fez-se operária. Nessa altura é atraída pelas idéias liberais dos Estados Unidos e emigra, instalando-se em Rochester, no ano de 1886. Acompanha então as grandes lutas operárias pelas 8 horas de trabalho. Tocada pela questão social, revoltada com o enforcamento dos anarquistas em 11 de novembro de 1887, (Mártires de Chicago), ouviu a oradora socialista Joana Grey e leu Freihelt de J. Most. Converte-se então ao anarquismo, e em 1889, lança-se ativamente a fazer propaganda em Nova Iorque. Presa diversas vezes, foi condenada em 1893, à um ano de prisão em Nova Iorque que cumpriu como enfermeira no Hospital Carcerário. Mais tarde foi companheira de Alejandro Berkmanm e fundou a revista "Madre Tierra". Participou dos Congressos Anarquistas de Paris, 1900 e Amsterdã 1907. Foi brilhante conferencista, ativa colaboradora na imprensa libertária mundial. Na América do Norte foi o primeiro brado significativo em favor da libertação da Mulher. Em 1919 - por ter feito campanha contra a guerra - foi expulsa da América do Norte. Na Rússia, cedo percebeu que os "revolucionários" percorriam caminhos dos quais discorda, e em 1922 abandonou o seu país de origem, iniciando uma peregrinação pela Europa, fazendo a defesa dos idealistas presos pelo Governo de Lênin - Trotsky - Stálin. Combatente da primeira linha, Emma Goldman, foi representante dos revolucionários mexicanos em 1912 e dos espanhóis nos anos de 1936-39, em defesa de quem escreveu muitas páginas e fez comícios e conferências. Morreu em Toronto, Canadá. Em homenagem à anarquista vigorosa que foi Emma Goldman, seus admiradores sepultaram-na ao lado do túmulo dos Mártires de Chicago e, sobre sua sepultura escreveram: "A Liberdade não descerá até ao povo; o povo é quem terá de conquistar a Liberdade". Alguns dos seus escritos foram reunidos em livro pela editora "Mother Earth", com o título "Anarchsm and other essays", antecedido de resumo biográfico de autoria de Hipólito Havel. A Fundacion Anselmo Lorenzo, de Madrid, publicou recentemente de Emma Goldmanm, "Vivendo Minha Vida ", 2 vols., 1.068 páginas.
Edgard Leuenroth 1881-1968
Leuenroth nasceu no estado de São Paulo, Brasil. Subiu todos os degraus da vida sozinho. Foi balconista, aprendiz de tipógrafo, jornalista, arquivista, diretor-fundador de jornais e deixou-nos uma antologia: Anarquismo - Roteiro da Libertação Social. Escreveu e publicou milhares de artigos e alguns folhetos, inclusive traduções. Em 1904 foi atraído para a questão social e logo passou a fazer parte do jornal "O TRABALHADOR GRÁFICO". No ano seguinte foi colaborador no jornal anarquista "A TERRA LIVRE", sob a direção de NENO VASCO, com quem aprendeu muito. Trabalhou ao lado de José Romero, Manuel Moscoso e outras figuras do anarquismo que se destacaram nas primeiras décadas do século 20. Foi redator da "FOLHA DO POVO ", e pouco depois passou a publicar (1909) "A Lanterna", segunda fase, de que foi diretor . Em 1917, fundou "A PLEBE", jornal que em 1919 chegou a ser publicado diariamente, e anos depois ajudou a fundar e foi diretor do jornal "VANGUARDA OPERÁRIA" diário da tarde, em São Paulo. Por doença teve de deixar o acervo da "Cooperativa Gráfica" que sustentava o jornal e pertencia aos anarcossindicalistas do Brasil, à guarda de João da Costa Pimenta (que nessa ocasião aproveitou para se passar para o P.C.B.) e dessa forma os trabalhadores e os anarquistas viram "sumir" tudo que lhes pertencia: máquinas, arquivos e documentos. Dentro do Movimento Operário, Leuenroth foi dos mais ativos, orador fluente nos comícios públicos e sindicatos. Participou como organizador delegado, dos Congressos estaduais de São Paulo e dos nacionais, realizados no Rio de Janeiro, em 1906, 1913 e 1920. Esteve também presente ao "Congresso Nacional Anarquista" do Rio de Janeiro e "Sul-Americano Contra a Guerra" em 1915. Foi preso por suas idéias várias vezes, sendo a mais longa em 1917 - durante a greve geral de São Paulo - quando foi acusado de autor intelectual da insurreição, que colocou a capital paulista em pé de guerra. Edgard Leuenroth divulgou o anarquismo até a morte. E, quando parecia que nada tinha a fazer, ele organizava o arquivo que conseguiu salvar das investidas policiais, por longos anos. Ciente e consciente de que o precioso material (era talvez o único de vida estável e com lugar bastante para esconder) recolhido entre os companheiros de idéias, nas redações dos jornais e outras publicações que lhe foram entregues para guardar, pelo movimento; (na falta de lugar seguro e apropriado), produto do esforço econômico e físico de centenas de intelectuais e operários anarquistas, como ele, de diversos países, Edgard chegava a ser demasiadamente rigoroso na sua defesa e conservação. Quando pressentiu a morte, teve o cuidado de fazer um "BREVE TESTAMENTO MANUSCRITO", onde inclui como "herdeiros" desse precioso acervo para defendê-lo e usá-lo em favor de suas idéias e do Movimento Anarquista, cinco pessoas da sua confiança. Faleceu e sua família à princípio disposta a cumprir a sua última vontade, acabou franqueando o arquivo a Foster Dules (escritor americano) e depois de troca de "favores" e de "certas promessas em dólares não cumpridas", o "Testamento" de Edgard Leuenroth foi deliberadamente ignorado pela sua família e acabou, na falta de melhor oferta, sendo negociado com a Universidade de Campinas. Resta hoje, desgosto dos homens de idéias que contribuíram com seus tostões e o seu esforço físico e intelectual, para que tais publicações existissem.
José Oiticica 1882-1957
José Rodrigues Leite e Oiticica nasceu em Oliveiras, Minas Gerais, foi criado em Alagoas e faleceu no Rio de Janeiro. Advogado, médico, professor catedrático, dramaturgo, poeta, escritor, jornalista, filósofo, musicista, filólogo, gramático, dominava 16 idiomas, anarquista desde 1912. Oiticica foi várias vezes preso, deportado para Alagoas (1918), para as ilhas das Flores e Rasa (1925/27) e conheceu algumas vezes as estrebarias, como ele chamava a Polícia Central. Foi incontestavelmente um sábio que desceu do seu pedestal para lutar ao lado dos trabalhadores. Fez conferências nas suas associações, derramou seus conhecimentos nos salões dos sindicatos, participou das greves e foi preso, mais de uma vez, por lutar a seu lado. Gigante em saber, modesto na sua posição social, José Oiticica mereceu de Astrojildo Pereira - fundador do P.C.B. em 1922 - que viria a se transformar no seu maior inimigo, esta poesia: Jamais se apaga em nós esta fé, ó irmão e amigo! Na grande idéia azul porque todos sofremos: Mesmo nas horas débeis de melancolia, ou sob a ameaça do mais rude perigo, os nossos corações, como heraldos supremos, erguem-se no peito - em hurras a Anarquia! Forçados pela grandeza do seu talento, do seu saber, os políticos do Rio de Janeiro colocaram o nome do anarquista José Oiticica, numa rua em Campo Grande.
Francisco Ferrer 1859-1909
Pedagogo, nasceu em Alella, Espanha, e foi fuzilado em 13 de Outubro de 1909. Anarquista, criador da "Escuela Moderna" em Barcelona, em Setembro de 1901. Seus métodos de ensino galgaram o mundo e sacudiram, os métodos ultrapassados do ensino oficial da época. No Brasil, a primeira Escola Moderna foi fundada no ano de 1909, na Av. Celso Garcia, 262 - S. Paulo. Uma greve na Espanha, no ano de 1906, com a qual nada tinha o ilustre professor, foi o pretexto para o fechamento da "Escuela Moderna". Preso sob acusação de autor intelectual, foi condenado por pressão da Igreja, com base nos "inventos" de "autoria" de D. Antonio Maura, sendo fuzilado no Castelo de Montjuich. Em memória do professor anarquista, ergue-se gigante estátua de Ferrer em Praça Pública de Bruxelas - Bélgica.
Nestor Makhno 1889-1934
Camponês russo. Nasceu na aldeia de Gulai-Pole, Ucrânia, e morreu na França. Em 1907 ingressou no movimento anarquista-terrorista. Preso em 1908, acusado da morte de um policial, foi condenado à morte, pena transformada na prisão perpétua em razão da sua pouca idade. Solto pela Revolução Popular em fevereiro de 1917, regressa à Ucrânia e depara com esta região dominada pelos exércitos austríacos, alemães e heltman. No começo de 1918, Makhno e mais seis companheiros, fundaram uma organização de combate e lutaram com determinação varrendo do solo ucraniano as tropas estrangeiras. Não obstante a vitória de Makhno na primeira batalha, a guerra não estava ganha. Trotsky, comandante supremo do exército vermelho, declara guerra a Makhno. Os anarquistas camponeses não aceitavam o seu comando, repeliam a sua ditadura. Trotsky por mais de uma vez preparou atentados contra a vida de Makhno e outras tantas vezes fez acordos com ele, quando se via em dificuldade com os soldados de Wrangel e Denikin. Não obstante as guerrilhas que organizou e dirigiu como um autêntico general, derrotando as forças invazoras, estabeleceu uma organização libertária no campo, realizou assembléias e congressos para tratar dos assuntos de produção e distribuição dos produtos necessários à vida dos camponeses daquela região. No verão de 1921, quando os exércitos vermelhos de Trotsky tiveram certeza de que os generais czaristas tinham sido aniquilados pelos Makhnovistas, e já não ofereciam nenhum perigo, atacaram traiçoeiramente Makhno, desrespeitando todos os pactos anteriormente feitos e fuzilaram muitos dos seus "soldados". Obrigado a refugiar-se em território Romeno, Nestor Makhno, passou de "herói nacional" à "bandido"... E só lhe restou buscar exílio na França.
Buenaventura Durruti 1898-1936
Anarquista espanhol, destemido homem de ação. Nasceu em 1898 e foi assassinado em 1936, no começo da Revolução Espanhola. Sobre sua morte correm diversas versões, mas a maioria converge para um atentado bolchevista; o seu prestígio no comando revolucionário incomodava a G.P.U de Stálin. Bem jovem, destacou-se na luta social - chegando rapidamente ao topo da ação violenta. Foi preso e condenado muitas vezes, expulso outras tantas e percorreu praticamente a América Latina de ponta a ponta. Da França foi reclamado pelos governos espanhól e argentino, acusado de ter assaltado bancos naqueles países, para obter fundos destinados a propaganda. Uma campanha popular evitou a sua extradição, isto é, adiou a medida, pouco depois convertida em expulsão, juntamente com Ascaso e Jover. Obrigado a regressar à Espanha, por não poder aceitar as condições que a Rússia bolchevista lhe impunha para conceder asilo político, acaba preso mais uma vez. Em 1933 esteve envolvido no movimento anarcossindicalista que estalara em Aragón e novamente é encarcerado, desta vez por pertencer ao Comitê Revolucionário. Em junho de 1936, bateu-se nas barricadas em Barcelona, e à frente de uma Coluna de milicianos anarquistas, venceu e tomou o quartel de Aratazanas.
Voltairine de Cleyre 1869-1912
Nasceu em Michigan, e faleceu em Chicago, América do Norte. Educada num convento católico no Canadá, não foi obliterada na sua descendência. Filha de pai francês, livre-pensador, possuía arquétipos que ao sair do Colégio, antes de 20 anos, fizeram de Voltairine ardorosa defensora da liberdade sem adjetivos limitadores. E com o desenrolar dos acontecimentos de 1° de maio de 1886, fez-se anarquista, dedicando-se à propaganda com bravura. Podia ter vendido caro a sua pena e a sua inteligência, mas preferiu conservar a integridade do mais precioso do seu ser, a sua independência moral e intelectual, muitas vezes à custa da miséria extrema, quando não ganhava escassamente o seu pão com lições de Francês, Inglês e Música. Sua vida foi a sua principal obra, porque tendo tido inteligência e cultura para muita coisa mais do que discursos de propaganda, poesias e artigos, dispersos pelas publicações anarquistas e do livre pensamento, nunca pode levar a cabo obra literária ou sociológica em livro. Por suas idéias anarquistas, Voltairine de Cleyre, conheceu os horrores das prisões americanas, mas nem os rigores dos cárceres, nem as perseguições das autoridades lhe alteraram a conduta ou dobraram a invencibilidade da grandeza de seu caráter.
Max Stirner 1806-1856
Pseudônimo de Kaspar Schmidt, Max Stirner nasceu e morreu na Alemanha. Professor, abandonou o ensino para não se submeter a regras; dizia... Seu livro mais importante e mais discutido, leva o título: "O Único e sua Propriedade". Nesta obra afirma que "Um homem não tem mais deveres nem mais obrigações do que uma planta ou um animal". E, declara-se: "inimigo mortal do Estado".
Denjiro Kotoku 1871-1911
Denjiro, nasceu em Nakamura e foi enforcado em Tókio por obra e graça de uma trama policial-militar japonesa. Anarquista de convicções seguras, teve grande participação na imprensa libertária da Europa e da América. Tomou parte em congressos ácratas. Publicou a revista AÇÃO DIRETA, e colaborou nas publicações: RELÂMPAGO, AVANTE, em HEIMIU SCHINHUM (Diário do Homem Comum). Traduziu a Conquista do Pão de Kropotkin, e escreveu: SHAKAI SHUGI SHINZUI (Quinta Essência do Socialismo ); SHORAI NO KEISAI SOSHlKI (Sistema Futuro de Economia); JIYO SHISO (Idéia Livre); TEIKOKU SHIGUI (Imperialismo), REKISHI TOKOKUNIN NO HAKKEN (Encontro da História e Nações), KINDAI NIPPON NO KEISEI (Formação do Japão Moderno); KIRISUTO MASSATSURON (Rompimento com Cristo). Denjiro ao ser colhido pela condenação à morte aos 40 anos, deixou muitos trabalhos inéditos. A GRANDE REVOLTA DE 1910 deu origem ao processo que condenou 24 anarquistas à morte. O movimento libertário internacional manifestou-se em defesa dos condenados mas o governo japonês não ouviu. Denjiro Kotoku encabeçou a lista dos primeiros 12 Mártires executados, composto por 9 homens e 3 mulheres. Ei-los: Denjiro Kotuku, sua companheira Suga Banno, Unpei Morichika, Tadao Niimura, Takichi Muyashita, Rikisaku Hurukawa, Kenshi Okumiyra, Seinosuke Ooishi, Heishiro Naruishi, Uichita Matsno, Uichiro Niimi e Gudo Uchiyama. Não obstante o enforcamento dos 12 anarquistas, o governo japonês acabou recuando diante dos protestos internacionais, e os 12 restantes tiveram suas penas convertidas em trabalhos forçados por toda a vida, e alguns destes morreram nas masmorras.
Élisée Reclus 1830-1905
Reclus nasceu em Saint-Foy-le-Grand (França) e faleceu em Bruxelas (Bélgica). Eminente geógrafo, sábio, anarquista ilustre, homem de grandes virtudes, tinha entre as maiores, o saber, a simplicidade, a modéstia. Participou da Comuna de Paris ao lado dos humildes e foi por isso condenado à morte. Indultado em decorrência de um movimento de opinião mundial, sob alegação de que um sábio do estofo intelectual e da grandeza moral de Eliseo Reclus, não cabia dentro das fronteiras geográficas da França. Pouparam-lhe a vida e expulsaram-no do país. Participou ao lado dos mais ativos propagandistas da emancipação do Proletariado - no "Quarto Congresso" da 1º Internacional, realizado em Basiléia, no ano de 1869. Na sua volta ao mundo para escrever a "Nova Geografia Universal", esteve no Rio de Janeiro e em Lisboa, nos últimos anos do século dezenove semeando ali as idéias anarquistas que germinaram rapidamente. "O estudo do homem em todas as épocas e em todos os países - diz Eliseo Reclus no 1° vol. de "0 Homem e a Terra" - demonstra que toda a evolução ao longo da existência dos povos provém do esforço individual. Em cada pessoa humana, elemento principal da sociedade, há de encontrar-se a força impulsiva do meio, capaz de converter-se em ações voluntárias para divulgar idéias e participar na obra que modificará a marcha das nações. O equilíbrio das sociedades só é possível pela dificuldade imposta aos indivíduos no curso de sua expansão. A sociedade livre não pode estabelecer-se senão por meio da liberdade plena, usada no desenvolvimento completo à cada homem, célula principal e fundamental, que se une, associa às demais da nova humanidade. Em proporção direta dessa liberdade e de seu desenvolvimento inicial do indivíduo, as sociedades ganham em valor e nobreza: do homem nasce a vontade criadora que construirá e reconstruirá o mundo". Eis como pensava e escrevia o sábio Eliseo Reclus, geógrafo, anarquista!
George Woodcock 1912-1997
Woodcock nasceu no Canadá. Foi jovem para a Inglaterra e só saiu em 1949 para lecionar em Waslington. Seu relacionamento com anarquistas como Maria Louise Berneri, aproximaram-no das idéias libertárias, tornando-se um dos seus mais importantes escritores. Professor na Universidade de Waslington nunca se afastou das idéias, pelo contrário, cresceu tornando-se, segundo intelectuais de grande erudição "O anarquista completo das letras canadenses: foi poeta, jornalista, crítico, escritor, historiador, editor, comentador, biógrafo e carpinteiro. Escreveu mais de 30 livros, 11 dos quais foram editados por ele. Peter Hughes, professor de inglês na Universidade de Toronto, referindo-se à sua obra dizia: "George Woodcock escreveu mais literaturas do que eu pude ler". "Seu último livro foi WHO KILLED THE BRITISH EMPIRE?. Por aqui (Canadá) é denominado o escritor, o Gentle Anarchist". Algumas das obras de Woodcock foram publicadas em Lisboa e no Sul do Brasil. Aqui L&PM publicou OS GRANDES ESCRITOS ANARQUISTAS e alguns volumes com seleção de textos e biografias de vultos do anarquismo, de autoria de Woodcock. Em Portugal, uma editora lisboeta fez o mesmo, com sua monumental obra: O ANARQUISMO. Woodcock trabalhou o anarquismo no plano intelectual e foi premiado por alguns desses trabalhos que já assustaram muita gente temente a Deus. Numa de suas colaborações nos jornais, mais concretamente em FREEDOM de Londres, desvendou-nos o mistério em torno da figura de Bruno Traven, romancista de tantos sucessos, de quem decorridos 15 anos de sua morte no México ainda se ignorava a sua origem, seu nome de batismo.
Gigi Damiani 1876-1953
Damiani, nasceu na Itália e veio para o Brasil, com Giovani Rossi e outros libertários fundar a Colônia Cecília, no Paraná, em 1890. No ano de 1893, seu nome aparece ao lado de Piero Riva, dirigindo IL LAVOTERO, e no ano de 1898, colaborava com Alfredo Mari, no IL RISVEGLIO. Em 1904, publica O DESPERTAR (em português) com ajuda de J. Buzzitti e ainda era correspondente do semanário anarquista, lançado em S. Paulo por Oresti Ristori, no mês de junho. LA BATAGLIA, como era chamada essa publicação, sacudiu as teias de aranha dos políticos, atraindo Gigi Damiani que veio para S. Paulo em 1918, para intergrar o grupo redator. E achou pouco, ainda foi colaborar com Neno Vasco em A TERRA LIVRE. Com a expulsão de Oresti Ristori, Damiani assumiu a direção de La Bataglia, até 1913. Depois mudou o título para LA BARRICATA com a ajuda de Alexandre Cherchiai. Mas como o jornal ainda assim era muito visado pela polícia, por um acordo com Florentino de Carvalho, apareceu com os títulos: GERMINAL - LA BARRICATA, em português e italiano. Em 1917, Damiani vai colaborar no jornal A PLEBE que chegou a ser diário em S. Paulo, e em 1919, foi expulso para a Itália. Em seu país de novo, começa publicando FEDE, colaborou em GUERRA SOCIALE e UMANITÁ NOVA, chegando a ser seu diretor. Gigi Damiani foi um excelente jornalista, poeta esmerado, escreveu peças de teatro, vários opúsculos e deixou centenas, milhares de textos espalhados por mais de 20 países. José Oiticica, ao saber da morte de Damiani, escreveu em AÇÃO DIRETA do Rio de Janeiro: "Foi este homem honrado, este anarquista incorruptível que o doutor-policial Virgílio do Nascimento expulsou do Brasil em 1919, sem processo (sério) ou culpa formada".
Neno Vasco 1878-1920
Neno Vasco (Gregório Nazianzeno Moreira de Queiroz Vasconcelos) nasceu em Penafiel, e faleceu em S. Romão de Conronada, Portugal. Advogado, jornalista, dramaturgo, escritor, filólogo e poliglota. Abraçou o anarquismo ainda estudante na Universidade de Coimbra, dedicou-lhe toda a sua força física, sua cultura e sua educação. Formado em direito no ano de 1901, emigrou para São Paulo, Brasil, onde residia seu pai. Pouco depois começou a publicar o jornal "O Amigo do Povo", em seguida a revista "Aurora", e por fim, o jornal "A Terra Livre", que morria em 1911, após seu regresso a Portugal. É difícil escolher entre o anarquista expositor de idéias, o culto intelectual, capaz de dar lições de ortografia aos "sábios" da Academia de Letras e a figura humana, o homem simples incapaz de agredir alguém, nem mesmo com palavras. Neno Vasco fora um apóstolo do Socialismo Libertário, um dos mais coerentes homens de idéias, e no Brasil, o mais culto precursor do anarquismo. Escreveu centenas e centenas de artigos, traduziu outros tantos, inclusive poemas e o hino A INTERNACIONAL; as obras: "Da Porta da Europa", "Concepção Anarquista do Sindicalismo"; peças para teatro como: "O Pecado da Simonia", "Greve de Inquilinos", e traduziu textos de autores consagrados internacionalmente. Em homenagem ao homem e suas idéias, foi votado o nome de "Dr. Neno Vasco", a um edifício multifamiliar na cidade de Nova Iguaçu. Seu nome ficou como um monumento na história das lutas sociais do Brasil e de Portugal.
Pa Kyn 1904-1969?
Pa Kyn (LI FEIKAN) nasceu em 1904, na China. Filho da burguesia rural, estudou e contrariou os desejos familiares "convertendo-se" num dos maiores vultos do anarquismo em nosso século. Ao tomar o caminho da li- teratura, adotou o pseudônimo de PA KYN, e em 1958 sua obra foi proposta para o Prêmio Nobel de Literatura. A China vivia uma etapa de reminiscências feudais de extrema rigidez autoritária, querendo anular a revolução políti- co-social. Órfão, ainda jovem, Pa Kyn ficou sob a tutela de seus tios escravocratas, e ao ver seu irmão mais velho suicidar-se por não suportar a opressão, fugiu para Shangai. E foi em Shangai que se relacionou com jovens anarquistas e leu o opúsculo de Kropotkin "Aos Jovens", traduzido para o chinês. Curioso e revoltado com a repressão política e familiar, quis ler todas as obras de anarquistas então traduzidas: de Bakunin, Kropotkin, Reclus, Rocker, Emma Goldman e outros. Depois estudou línguas: russo, polonês, italiano, espanhol, francês, esperanto, e em 1926 foi para Paris. Ali conviveu com Sebastião Faure preparando a Enciclopédia Anarquista (1º Edição), tomou parte nas manifestações em defesa de Sacco e Vanzetti, da jovem Germaine Berton, e escreveu obras monumentais, em número de 14 volumes. Em "O Segredo de Robespierre" e na "A Morte de Marat", traçou o perfil dos ditadores. Em "Ariana" e "Lágrimas", refletia o amor, a juventude idealista, sonhadora, e em "Família", "Primavera", "Outono" e noutras ataca a ganância e o orgulho da burguesia. Voltando a Shangai vê-se proibido, durante 12 anos, de exercer sua profissão pelas "bestas da revolução cultural e outras", sendo então considerado indesejável por ter conseguido invadir a China de Mao com suas idéias anarquistas. Na década de cinqiienta, Pa Kyn correspondia-se com José Oiticica no Rio de Janeiro, cartas que passaram pela mão do autor e hoje estão depositadas no Grupo Projeção. Em 1969 voltou à França, segundo Fontaura, e não viveu muito depois disso.
Florentino de Carvalho 1871-1947
Pseudônimo de Primitivo Raimundo Soares a partir de 1911. Nasceu em Espanha, na província de Oviedo, vindo para o Brasil ainda menino, onde faleceu. Estudou em colégio de padres e foi cabo da Polícia Militar em S. Paulo. Ao raiar do século vinte o acaso colocou-o diante do livro de Kropotkin, "A Conquista do Pão", Folheou-o, comprou-o, leu-o, pediu baixa da polícia e ingressou no Movimento Anarquista Brasileiro no ano de 1902. Perseguido foi para a Argentina e acabou expulso em 1910, sendo retirado dos porões do navio, no porto de Santos, pelos trabalhadores quando seguia rumo à Espanha. Desde então sua atividade constituiu-se em dirigir jornais anarquistas e Escolas Modernas, no Brás, na Moóca e no interior do estado, onde fora professor. Falando das idéias anarquistas, Florentino de Carvalho, dizia: "O anarquismo não é um corpo de doutrinas definitivas e dogmáticas; é um postulado libertário e progressista, que continuamente se enriquece de elementos científicos e concepções filosóficas. A sua essência, sim, é imutável". Com sua morte o Movimento Anarquista do Brasil, ficou mais pobre, perdeu o seu maior expositor do anarquismo. Hoje na rua Comendador Soares, 240, na cidade de Nova Iguaçu, existe um edifício com o seu nome, e recentemente um jovem professor paraibano defendeu tese sobre a vida e obra do anarquista Florentino de Carvalho.
Eugen Relgis 1895-1987
Eugen (Singler) Relgis, nasceu na Romênia e faleceu no Uruguai. Anarquista dos mais cultos que passaram pelo movimento ácrata, Eugen Relgis, era também um pacifista de grande lucidez, conhecido mundialmente. Ao longo dos seus 92 anos de vida, escreveu alguns dos mais belos e profundos estudos sociológicos em versos e prosa, do nosso século. Vítima do nazi-fascismo e do comunismo, saiu da Romênia fixando-se no Uruguai. Na década de cinqüenta veio ao Rio de Janeiro, para se encontrar com o Professor José Oiticica em busca de tradutor e editor para suas obras em português. No Uruguai, Eugen Relgis fez parte do grupo que tinha a seu cargo um valioso acervo anarquista enviado da Europa. Foi arquivado num prédio, na BAIA (Uruguai) mas durante a ditadura, neste país que já foi chamado de Suíça da América do Sul, a polícia assaltou o local, roubou tudo e lacrou a porta. Com muitas dificuldades escapou do arrastão policial... Relgis contava, entre seus amigos mais íntimos, Romain Roland, Albert Einstein, Georg F. Nicolai e outros homens sábios de renome internacional. Seu falecimento chegou a ser anunciado, mas ele mesmo nos avisou, com sua letra miudinha: "ESTOU VIVO!" Entre as suas inúmeras e valiosas obras, publicadas em vários idiomas, constam-se: "Diário do Outono e Melodias do Silêncio (poesias); Corações E Motores; A Paz do Humanismo E Socialismo; Albores da Liberdade; O Homem Livre Frente à Barbárie; Humanismo e Eugenia; O Que é Humanismo (esta com mais de 40 edições em muitos países); Han Riner; Gerg Fr. Nicolai - Un Sabio y Un Homem del Porvir, e muitas mais...
Fábio Luz 1864-1938
Fábio (Lopes dos Santos) Luz, nasceu em Valença - Estado da Bahia. Médico, professor, inspetor escolar, escritor, jornalista, acadêmico, higienista, Fábio Luz foi também um anarquista íntegro. Seu pai, "escrivão e depois administrador de rendas" registrava em nome do governo - as vendas de trabalhadores escravos em leilões públicos. Esta prática amparada e regulada pelas leis monarquistas, tocou profundamente o jovem estudante, e desde então nunca mais acreditou em nenhum tipo de governo. Fábio Luz foi dos primeiros brasileiros a abraçar o anarquismo ainda no século dezenove, e fê-lo com tanta convicção, com tanta fé, que viveu e morreu anarquista. Como médico, sua vasta clientela era de trabalhadores a quem atendia de graça, e como inspetor escolar e higienista, levou para a escola os trabalhos manuais, as caixas escolares, a festa da árvore, filmes educativos e seus livros dedicados e adaptados ao ensino, desmistificaram o patrioteirismo, os heróis guerreiros e tantos outros idos negativos à mente do estudante, abrindo novos horizontes, aos alunos do Colégio Pedro II. Como militante anarquista, escrevendo na imprensa diária, semanária e periódica, nas obras que nos deixou: "Os Emancipados", "Ideólogos" e tantas outras, ou em suas conferências e cursos de sociologia proferidos nos sindicatos, o libertário estava presente de corpo e alma. Foi dos maiores batalhadores ácratas que o Brasil já teve.
Eugéne Lanti 1879-1947
Eugéne Lanti ou Eugéne Adam, anarquista-esperantista teve a boa idéia de fundar a S.A.T (Associação Anacionalista Mundial) em 1921, para pregar: "UMA HUMANIDADE, UMA LÍNGUA!" Lanti foi quem principiou a clarear a visão de que o anarquismo teria uma imensa projeção na medida em que seus militantes adotassem o Esperanto para se comunicar por sobre as fronteiras convencionais. E com esta convicção sensibilizou muitos jovens franceses, como Gilbert R. Ledon, desde a década de cinqüenta no Brasil, anarquista e esperantista defensor e divulgador da língua internacional que teve em Zamenhof seu criador e em Lanti o mais poderoso "motor de propulsão". Lanti faleceu no seu "refúgio" no México, mas sua obra ainda produz impacto como o "Manifesto dos Cidadãos do Mundo", de onde se reproduz: "Em dois séculos a Santa Inquisição, ou seja o fanatismo religioso, ou seja a idéia de Deus, queimou três milhões de hereges. Em apenas dez anos (1935-1945), o Nacionalismo, ou seja o Patriotismo, imolou cinquenta milhões de vidas humanas. O Nacionalismo, ou seja o Patriotismo o mais sanguissedento dos ídolos do nosso tem po. Combatamo-lo sem tréguas, em prol de um mundo só, sem fronteiras".
Sebastian Faure 1858-1942
Nasceu em Saint Étienne e faleceu em Royan, França. Sebastião Faure foi seminarista, abandonando a carreira religiosa por morte do pai. Mais tarde, num encontro com a realidade, abraçou o anarquismo, fez-se pregador, defendeu heroicamente a doutrina libertária. "Milhões de seres humanos - diz Faure - trabalham 10 a 12 horas diárias, em odiosas condições, em troca de um salário insuficiente. Milhões de velhos que, durante uns vinte e cinco, trinta e quarenta anos, laboriosamente têm formado a riqueza pública e edificado fortunas particulares, estendem as mãos calosas e descamadas aos transeuntes, ou solicitam a sua entrada para os asilos. Milhões de crianças encantadoras e inocentes que precisam de alimento e da cultura indispensáveis. Milhões de seres vigorosos e belos vão procurar trabalho e, sem encontrar morrem na miséria. Milhões de jovens são arrancados ao campo, à oficina, à família e aos seus amores, na previsão de matanças, incompreensíveis e criminosas. Milhões de desgraçados a quem a miséria, a ignorância e a opressão forçam fatalmente a infringir a lei feita contra eles, gemem nos cárceres e nos presídios. Toda a pessoa inteligente e de coração deve querer que isto termine". Faure foi o idealizador, o coordenador, o pai da "Enciclopédia Anarquista" - 1º edição em francês, 4 vols. Com Louise Michel fundou "Le Libertaire", em 1895, e é autor de "A Dor Universal", "Doze Provas da Inexistência de Deus", "Resposta a um Crente" e "Meu Comunismo", etc... Sebastian Faure foi professor, escritor, anarquista. Suas conferências atraíam muita gente, e teve grande importância sua Escola-Laboratório "La Ruche", uma experiência pedagógica - anarquista, (1904-1917), em Rambonillet. Sobre esta escola (que Antônio Bernardo Canelas quis implantar no Brasil, com o nome A Colméia), vale a pena ler "Breve" Bibliografia Sull Espeirenza de La Ruche", de M. P. Stimith, Milão, 1990.
Sacco e Vanzetti
Nicola Sacco (operário sapateiro) e Bartolomeo Vanzetti (operário peixeiro) nasceram na Itália. Sonhando com uma vida melhor emigraram para América do Norte em 1908, carregando a força da juventude e a cabeça cheia de sonhos. Pouco depois o ministro da Justiça, A. Mitchell Palmer, faz publicar nota na imprensa "sugerindo" deportações de todos os agitadores estrangeiros. Na calçada fronteiriça ao Ministério da Justiça de Nova Iorque, fora encontrado o cadáver do anarquista Andrea Salsedo, esfacelado, após alguns dias de prisão ilegal. Por essa época, a polícia de South Braintree, também procurava os assassinos do pagador e do guarda da fábrica "Slater e Morrill Shoc cc. ", que no dia 15 de abril de 1920 fora vítima de um assalto rendendo para os criminosos 15.000 dólares. A Câmara legislativa de Massachussets, votou uma recompensa de 25.000 dólares por ordem do Governador Coolidge, para quem descobrisse e apresentasse os assaltantes à polícia. A "Slater e Morrill" dobra a oferta tentadora. Num abrir e fechar de olhos, apareceram centenas e centenas de candidatos ao prêmio, todos queriam a recompensa. A maioria dos acusadores carregavam ódio ao estrangeiro, semeado pela imprensa desde a guerra 1914-18. Sacco e Vanzetti, haviam sido presos em Brockton, na noite de 5 de maio de 1920, por um policial que encontrou-os organizando uma manifestação de protesto contra a prisão e morte dos anarquistas Roberto Elia e Andrea Salsedo. Em poucos dias, os dois anarquistas são envolvidos numa trama de perseguições políticas, para pagar pela agitação nos Estados Unidos. E num abrir e fechar de olhos, Sacco e Vanzetti foram transformados em assassinos do guarda e do pagador da fábrica "Slater e Morrill" e acusados pelo promotor público Katzmann. Formaram-se então os processos nº 5.545 e 5.546 da Justiça Pública do Estado de Massachussets, que viriam a condenar à morte os dois anarquistas. Apresentaram-se 59 testemunhas, todas dispostas, a receber o prêmio de cerca de 30.000 dólares, a afirmar que viram Sacco e Vanzetti roubar e matar. Impulsionado pela vontade de condenar o anarquismo, o Juiz Thayer antecipou a condenação de Sacco e Vanzetti afirmando: "Os jurados podem recusar-se acreditar nas testemunhas de defesa, mesmo que estas sejam mais numerosas que as de acusação e podem basear seu veredito de culpabilidade, sobre a única crença numa só das testemunhas de acusação". A farsa jurídica pode levar os operários à cadeira elétrica, durou 7 anos e dias, os anarquistas, o proletariado e os homens liberais de todo o mundo, manifestaram-se em favor de Sacco e Vanzetti, mas a sentença foi ditada pela boca do Juiz Webster Thayer: "O Tribunal decide condenar Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti a sofrer a punição da morte pela passagem de uma corrente elétrica através de seus corpos, na semana que principiará no Domingo, 10 de agosto, no ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil novecentos e vinte e sete. Esta é a sentença prevista na lei. "A execução teve lugar a 22 de agosto de 1927, - ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo" - com a responsabilidade do governador Alvan T. Fuller, juiz Webster Trayer e do promotor Katzmann. Sobre o assassinato destes dois anarquistas escreveram-se muitos livros, alguns autores ganharam fama, fortuna, e um filme corre mundo refletindo a tragédia de Sacco e Vanzetti. Cinqüenta anos depois desse crime o governador de Massachussers, na presença da família de Nicola Sacco, proclama publicamente que os dois anarquistas italianos eram inocentes do crime pelo qual foram condenados à morte. A justiça americana gastou 50 anos para "descobrir"a verdade! E os criminosos Juiz Webster Trayer e o promotor Katzmann ficaram impunes!
Leon Tolstói
Escritor russo dos mais notáveis. Para uns, anarquista cristão, e para outros, um místico que substituiu Deus pela Humanidade. Tolstói, tal como os anarquistas, atacava o Estado, o militarismo e advogava a implantação de uma sociedade de irmãos baseada no apoio mútuo. Nunca fez profissão de fé revolucionária, e parece, não ter acreditado na revolução das armas, por isso muitos o classificam como individualista libertário, um dos maiores pacifistas do seu tempo. Morreu anti-clerical, fiel às suas convicções libertárias, pacifistas.
Edgar Rodrigues
Pesquisador de história social, escritor e historiador autodidata, nascido no norte de Portugal em 1921, naturalizado brasileiro. Filho de um militante anarcossindicalista português do Sindicato da Construção Civil filiado à CGT, participou da luta contra a ditadura salazarista, tendo-se exilado no Brasil em 1951. No Rio de Janeiro relacionou-se com os velhos militantes anarquistas, entre os quais José Oiticica e Edgard Leuenroth, participando das atividades do movimento e colaborando regularmente na imprensa libertária. Seus primeiros livros: Na Inquisição de Salazar (Rio de Janeiro, 1957) e A Fome em Portugal (Rio de Janeiro, 1958) foram de denúncia da ditadura portuguesa, o que lhe valeu integerar a lista dos autores proibidos em Portugal, país onde só pode voltar após a derrubada do sistema autoritário em 1974. Em 1969, foi um dos presos e indiciados durante a repressão desencadeada pela ditadura militar contra os anarquistas do Centro de Estudos José Oiticica do Rio de Janeiro. A pedido de publicações libertárias do Uruguai, começou a pesquisar a história do movimento operário e das lutas sociais no Brasil, escrevendo dezenas de artigos e livros sobre o assunto. Seus livros Socialismo e Sindicalismo no Brasil (Rio de Janeiro: Laemmert, 1969); Nacionalismo e Cultura Social (Rio de Janeiro: Laemmert,1972); Novos Rumos (Rio de Janeiro: Mundo Livre, 1972) e Alvorada Operária (Rio de Janeiro: Mundo Livre, 1979) são uma das principais fontes documentais para a história do movimento operário e anarquista brasileiro. É também o autor de quatro volumes sobre a história do movimento operário e anarquista em Portugal. Seus trabalhos são um manancial de informação para os pesquisadores da história social do Brasil e de Portugal, podendo-se afirmar que foi um precursor do estudo do movimento operário no Brasil, como foi reconhecido por historiadores como Hélio Silva, Azis Simão e Foot Hardman. No entanto, tratando-se de um pesquisador não-acadêmico, é freqüente sua obra ser utilizada por investigadores universitários que sequer o referenciam como fonte, numa demonstração cabal de desonestidade acadêmica. Nas suas atividades de pesquisa percorreu o Brasil recolhendo depoimentos de militantes e seus descendentes, coletando documentos de importantes militantes operários e ativistas anarquistas, constituindo um acervo único da história social brasileira entre 1890-1940. Uma de suas últimas obras é Os Companheiros, em cinco volumes, que reúne biografias de militantes anarquistas e anarcossindicalistas que desenvolveram sua atividade no Brasil é o único dicionário biográfico do movimento operário brasileiro escrito até hoje. Em 1999 publicou o livro Universo Ácrata (Florianópolis), em dois volumes, uma história do movimento libertário internacional. Em 2000, publicou o Pequeno Dicionário de Idéias Libertárias.
Mundo Ácrata - Biografias
W. Godwin nasceu e morreu na Inglaterra. Estudou Teologia e foi nomeado pregador anglicano em 1778. E quatro anos mais tarde, abandona a religião e dedica-se a escrever. Godwin antecipou-se a Proudhon ao contestar o Estado, com palavras como estas: "Não podemos esquecer que todo o governo é mau; é a abdicação do nosso próprio raciocínio e da nossa consciência". Perseguido pelos poderosos e reacionários da época, assim mesmo conseguiu realizar uma obra anarquista, ser o pioneiro, o desbravador da selva por onde viriam a percorrer tantos vultos do anarquismo. Entre suas obras: "Justiça Social", é das mais importantes, expressa com bastante clareza as idéias do filósofo libertário.
Proudhon 1809-1865
Nasceu em Besançon e faleceu em Pasy, França. Operário tipógrafo, conseguiu pelo seu próprio esforço tornar-se dono de invejável cultura. Foi o primeiro homem de idéias socialistas a denominar-se anarquista. Pode-se dizer que foi o criador do termo tal como se conhece corretamente em nossos dias. Suas idéias sacudiram e renovaram as mentes dos povos e dos economistas em todo o mundo. O movimento socialista e anarquista tiveram em Proudhon o grande motor que lhe faltava para correr mundo. Em muitos países o movimento socialista e as lutas de classe apareceram por influência de Proudhon, fazendo escola, inclusive em Portugal desde 1839, na palavra do engenheiro Souza Brandão e do publicista Lopes de Mendonça. Seus primeiros trabalhos foram de enriquecimento da "Bíblia" com "Elementos Primitivos das Línguas" e "Ensaios de Gramática Geral", quando foi encarregado de imprimi-la. Por isso a Academia de Besançon premiou-o com uma pensão de 1.500 francos. Escrevendo sobre a sua classe, a do proletariado, Proudhon terminava assim: "Ouço gritar por toda a parte: Glória ao trabalho e à indústria! A cada um segundo a sua capacidade, a cada capacidade segundo as suas obras. E vejo de novo esbulhadas, três quartas partes do gênero humano; dir-se-ia que o esforço de uns fecunda o trabalho dos outros; como água do céu". Entre as suas obras mais importantes figuram: "Sistemas das Contradições Econômicas" (650 págs.), "O que é a Propriedade?" (310 págs.), e "As Confissões de Um Revolucionário" (320 págs.). Proudhon, foi um autodidata erudito, pioneiro do socialismo anarquista, em cuja escola Karl Marx foi aluno, aprendeu muito.
Malatesta 1853-1932
Nasceu na Itália. Foi estudante de Medicina, sendo obrigado a abandonar os estudos para ser coerente com suas idéias. Em 1884 já estava exilado por ter participado de movimentos insurrecionais. Com a epidemia em Nápoles, voltou ao país para prestar seu concurso e o governo suspendeu a condenação que pesava sobre ele. Esteve depois na Argentina, na Inglaterra, e retomou à Itália acabando preso, condenado e deportado para Ilha de Lampedusa de onde fugiu. Foi um dos mais vigorosos anarquistas, jornalista, escritor, polemista ímpar. Escreveu muito nos jornais libertários
e deixou-nos "Entre Camponeses", "No Café, Anarquia" entre outras obras. Luis Fabbri, seu mais importante biógrafo, 368 páginas de vida e obra do dinâmico anarquista italiano - disse: "Se Pedro Gori foi o poeta e o porta-bandeira da nossa idéia em Itália, Errico Malatesta foi o seu pensador e agitador ao mesmo tempo. Exerceu uma enorme influência sobre quem o avizinhava, não só intelectual mas ainda moral, porque havia nele também um tesouro de bondade, dessa bondade superior que pudemos encontrar nos nossos Eliseu Reclus e Luiza Michel".
Kropotkin 1842-1921
Nasceu em Moscou, em 1842 e morreu em 1921. Escritor e filósofo russo, descendente de família nobre (príncipe), anarquista dos mais eminentes em todo o mundo. Conhecido pelas suas obras doutrinárias, erudição profunda e vasta cultura, e pelo desprezo que votava ao dinheiro, aos governos e às leis. Foi considerado o maior apóstolo da liberdade do século dezenove. Como geógrafo percorreu a Sibéria e a Mandchúria e teve contato com a miséria do trabalhador do campo. Em 1872, durante uma viagem a Bélgica e Suíça, filiou-se na Primeira Internacional dos Trabalhadores. De volta a Rússia, militou nas organizações secretas. foi descoberto e preso na fortaleza de Pedro e Paulo, conseguindo fugir para a Inglaterra. Suas obras refletem a sua fé no anarquismo científico: "A lei que nos apresentam - diz Kropotkin - como em atestado de bons costumes não é mais que um instrumento para manter a dominação dos ricos ociosos sobre as massas laboriosas". Depois da Revolução de Fevereiro regressou à Rússia mantendo sua posição anti-autoritária até o último dia de vida. "A Conquista do Pão", traduzida e publicada em mais de uma dezena de idiomas, converteu muita gente ao anarquismo. No Brasil - destacaram-se Florentino de Carvalho e Astrojildo Pereira, entre outros.
Bakunin 1814-1876
Anarquista russo. Nasceu em Priamouchino, Rússia e morreu em Berna, Suíça. Bakunin, foi o mais notável e o mais irrequieto anarquista do seu tempo; talvez de todos os tempos. Condenado à morte na Rússia, na Alemanha e na Áustria, e a 8 anos na Fortaleza de Petropanlowsk, conseguiu escapar para se apresentar mais adiante, em outra cidade ou. em outro país, a falar de anarquismo, em cartas, folhetos, em comícios ou a combater de armas na mão. "Na Rússia entre os estudantes, na Alemanha, entre os revolucionários de Dresde, na Sibéria entre seus companheiros de desterro, na Itália, entre todos os homens de boa vontade, a sua influência direta foi considerável. A originalidade das suas idéias, a sua eloqüência cheia de imagens e de veemência, o seu infatigável zelo pregador, a ajuda pelo majestoso do seu aspecto e por sua vitalidade poderosa, levaram Bakunin a entrar em todos os grupos revolucionários socialistas, e a sua ação deixou em todas as partes vestígios profundos, mesmo entre os que, depois de o acolherem, o combatiam por diferença de fins ou de métodos. A sua correspondência era das mais extensas; noites inteiras passava redigindo longas cartas para os seus amigos do mundo revolucionário, e algumas dessas cartas, destinadas a animar os tímidos, a despertar os adormecidos, tomaram proporções de volumes. A estas cartas se deve sobretudo a ação prodigiosa de Bakunin, no movimento revolucionário do século passado". (Palavras de E. Reclus e C. Cafiero). Sobre a figura inteligente, culta e revolucionária do anarquista russo, escreveu um dia Flocon, político da república francesa: "Se houvesse em França 300 homens como Bakunin, seria inteiramente impossível governá-la". Bakunin proclamou em pleno século XIX: "O mando corrompe o Homem!" Já lá vão quase dois séculos e a sua PROCLAMAÇÃO continua atual. Para entender melhor este gigante revolucionário é preciso ler as obras completas de Bakunin (5 Vol.), os muitos volumes e artigos que falam deste agitador russo, e ver a EXPOSIÇÃO ITINERANTE com flashs da vida e obra desse anarquista apatriada correndo seu país de nascimento e toda a Europa (1997-1999).
Louise Michel 1833-1905
Nasceu em Troyes e faleceu em Marselha, França. Professora, anarquista, conferencista, jornalista, escritora, poetisa e revolucionária, Louise Michel foi o que se pode chamar um grande coração cheio de Amor à Humanidade. Dedicou sua vida aos humildes, lutou por eles na Comuna de Paris e foi presa muitas vezes. Não obstante a sua luta em favor dos humildes, um dia, quando falava no Havre, um operário (Lucas) atentou contra a sua vida, não o tendo conseguido por imperícia. Refeita dos ferimentos, Louise Michel, não só intercedeu junto das autoridades para que Lucas fosse solto, como proferiu conferências com entradas pagas, em benefício da esposa do infeliz que a tentara matar para servir ao Padre Leal. Quando da morte da anarquista, Louise Michel, a cujo funeral compareceram mais de 200 mil pessoas, nas esquinas de Paris, foi afixada esta proclamação: "Ao povo de Paris - Louise Michel morreu! Admirável de abnegação e de heroísmo, foi uma criatura excepcional, das que honraram a humanidade. Na nossa época de decomposição social, de arrivismo desenfreado, de frio egoísmo que gangrena, mesmo os novos, esta mulher chegou à idade de 70 anos como ardente evangelizadora da emancipação social. Louise Michel encarnou e sublimou todo o Belo Humano: a generosidade, a bravura, a abnegação, tudo realçado pela mais nobre simplicidade". "Diante do Conselho de Guerra, quando da Comuna de Paris, disse ao tribunal: "Eu não quero ser defendida, mas aceito a responsabilidade dos meus atos. O que peço é para ser conduzida ao Campo de Satory, onde foram conduzidos e metralhados os nossos irmãos. Já que, segundo parece, não há mais direito para todo o coração que pulsa pela liberdade, do que um pouco de chumbo, eu peço a minha parte. Se não quereis ser uns vis, matai-me". Esta era a anarquista Louise Michel, a quem os juízes, não tendo coragem de mandar fuzilar, deportaram para a Caledônia.
Emma Goldman 1869-1940
Anarquista, nasceu na província de Kovno, Rússia. Em 1882 foi com seus pais para São Petersburgo. Aos 17 anos, como tantos intelectuais, Emma quis juntar-se ao povo: fez-se operária. Nessa altura é atraída pelas idéias liberais dos Estados Unidos e emigra, instalando-se em Rochester, no ano de 1886. Acompanha então as grandes lutas operárias pelas 8 horas de trabalho. Tocada pela questão social, revoltada com o enforcamento dos anarquistas em 11 de novembro de 1887, (Mártires de Chicago), ouviu a oradora socialista Joana Grey e leu Freihelt de J. Most. Converte-se então ao anarquismo, e em 1889, lança-se ativamente a fazer propaganda em Nova Iorque. Presa diversas vezes, foi condenada em 1893, à um ano de prisão em Nova Iorque que cumpriu como enfermeira no Hospital Carcerário. Mais tarde foi companheira de Alejandro Berkmanm e fundou a revista "Madre Tierra". Participou dos Congressos Anarquistas de Paris, 1900 e Amsterdã 1907. Foi brilhante conferencista, ativa colaboradora na imprensa libertária mundial. Na América do Norte foi o primeiro brado significativo em favor da libertação da Mulher. Em 1919 - por ter feito campanha contra a guerra - foi expulsa da América do Norte. Na Rússia, cedo percebeu que os "revolucionários" percorriam caminhos dos quais discorda, e em 1922 abandonou o seu país de origem, iniciando uma peregrinação pela Europa, fazendo a defesa dos idealistas presos pelo Governo de Lênin - Trotsky - Stálin. Combatente da primeira linha, Emma Goldman, foi representante dos revolucionários mexicanos em 1912 e dos espanhóis nos anos de 1936-39, em defesa de quem escreveu muitas páginas e fez comícios e conferências. Morreu em Toronto, Canadá. Em homenagem à anarquista vigorosa que foi Emma Goldman, seus admiradores sepultaram-na ao lado do túmulo dos Mártires de Chicago e, sobre sua sepultura escreveram: "A Liberdade não descerá até ao povo; o povo é quem terá de conquistar a Liberdade". Alguns dos seus escritos foram reunidos em livro pela editora "Mother Earth", com o título "Anarchsm and other essays", antecedido de resumo biográfico de autoria de Hipólito Havel. A Fundacion Anselmo Lorenzo, de Madrid, publicou recentemente de Emma Goldmanm, "Vivendo Minha Vida ", 2 vols., 1.068 páginas.
Edgard Leuenroth 1881-1968
Leuenroth nasceu no estado de São Paulo, Brasil. Subiu todos os degraus da vida sozinho. Foi balconista, aprendiz de tipógrafo, jornalista, arquivista, diretor-fundador de jornais e deixou-nos uma antologia: Anarquismo - Roteiro da Libertação Social. Escreveu e publicou milhares de artigos e alguns folhetos, inclusive traduções. Em 1904 foi atraído para a questão social e logo passou a fazer parte do jornal "O TRABALHADOR GRÁFICO". No ano seguinte foi colaborador no jornal anarquista "A TERRA LIVRE", sob a direção de NENO VASCO, com quem aprendeu muito. Trabalhou ao lado de José Romero, Manuel Moscoso e outras figuras do anarquismo que se destacaram nas primeiras décadas do século 20. Foi redator da "FOLHA DO POVO ", e pouco depois passou a publicar (1909) "A Lanterna", segunda fase, de que foi diretor . Em 1917, fundou "A PLEBE", jornal que em 1919 chegou a ser publicado diariamente, e anos depois ajudou a fundar e foi diretor do jornal "VANGUARDA OPERÁRIA" diário da tarde, em São Paulo. Por doença teve de deixar o acervo da "Cooperativa Gráfica" que sustentava o jornal e pertencia aos anarcossindicalistas do Brasil, à guarda de João da Costa Pimenta (que nessa ocasião aproveitou para se passar para o P.C.B.) e dessa forma os trabalhadores e os anarquistas viram "sumir" tudo que lhes pertencia: máquinas, arquivos e documentos. Dentro do Movimento Operário, Leuenroth foi dos mais ativos, orador fluente nos comícios públicos e sindicatos. Participou como organizador delegado, dos Congressos estaduais de São Paulo e dos nacionais, realizados no Rio de Janeiro, em 1906, 1913 e 1920. Esteve também presente ao "Congresso Nacional Anarquista" do Rio de Janeiro e "Sul-Americano Contra a Guerra" em 1915. Foi preso por suas idéias várias vezes, sendo a mais longa em 1917 - durante a greve geral de São Paulo - quando foi acusado de autor intelectual da insurreição, que colocou a capital paulista em pé de guerra. Edgard Leuenroth divulgou o anarquismo até a morte. E, quando parecia que nada tinha a fazer, ele organizava o arquivo que conseguiu salvar das investidas policiais, por longos anos. Ciente e consciente de que o precioso material (era talvez o único de vida estável e com lugar bastante para esconder) recolhido entre os companheiros de idéias, nas redações dos jornais e outras publicações que lhe foram entregues para guardar, pelo movimento; (na falta de lugar seguro e apropriado), produto do esforço econômico e físico de centenas de intelectuais e operários anarquistas, como ele, de diversos países, Edgard chegava a ser demasiadamente rigoroso na sua defesa e conservação. Quando pressentiu a morte, teve o cuidado de fazer um "BREVE TESTAMENTO MANUSCRITO", onde inclui como "herdeiros" desse precioso acervo para defendê-lo e usá-lo em favor de suas idéias e do Movimento Anarquista, cinco pessoas da sua confiança. Faleceu e sua família à princípio disposta a cumprir a sua última vontade, acabou franqueando o arquivo a Foster Dules (escritor americano) e depois de troca de "favores" e de "certas promessas em dólares não cumpridas", o "Testamento" de Edgard Leuenroth foi deliberadamente ignorado pela sua família e acabou, na falta de melhor oferta, sendo negociado com a Universidade de Campinas. Resta hoje, desgosto dos homens de idéias que contribuíram com seus tostões e o seu esforço físico e intelectual, para que tais publicações existissem.
José Oiticica 1882-1957
José Rodrigues Leite e Oiticica nasceu em Oliveiras, Minas Gerais, foi criado em Alagoas e faleceu no Rio de Janeiro. Advogado, médico, professor catedrático, dramaturgo, poeta, escritor, jornalista, filósofo, musicista, filólogo, gramático, dominava 16 idiomas, anarquista desde 1912. Oiticica foi várias vezes preso, deportado para Alagoas (1918), para as ilhas das Flores e Rasa (1925/27) e conheceu algumas vezes as estrebarias, como ele chamava a Polícia Central. Foi incontestavelmente um sábio que desceu do seu pedestal para lutar ao lado dos trabalhadores. Fez conferências nas suas associações, derramou seus conhecimentos nos salões dos sindicatos, participou das greves e foi preso, mais de uma vez, por lutar a seu lado. Gigante em saber, modesto na sua posição social, José Oiticica mereceu de Astrojildo Pereira - fundador do P.C.B. em 1922 - que viria a se transformar no seu maior inimigo, esta poesia: Jamais se apaga em nós esta fé, ó irmão e amigo! Na grande idéia azul porque todos sofremos: Mesmo nas horas débeis de melancolia, ou sob a ameaça do mais rude perigo, os nossos corações, como heraldos supremos, erguem-se no peito - em hurras a Anarquia! Forçados pela grandeza do seu talento, do seu saber, os políticos do Rio de Janeiro colocaram o nome do anarquista José Oiticica, numa rua em Campo Grande.
Francisco Ferrer 1859-1909
Pedagogo, nasceu em Alella, Espanha, e foi fuzilado em 13 de Outubro de 1909. Anarquista, criador da "Escuela Moderna" em Barcelona, em Setembro de 1901. Seus métodos de ensino galgaram o mundo e sacudiram, os métodos ultrapassados do ensino oficial da época. No Brasil, a primeira Escola Moderna foi fundada no ano de 1909, na Av. Celso Garcia, 262 - S. Paulo. Uma greve na Espanha, no ano de 1906, com a qual nada tinha o ilustre professor, foi o pretexto para o fechamento da "Escuela Moderna". Preso sob acusação de autor intelectual, foi condenado por pressão da Igreja, com base nos "inventos" de "autoria" de D. Antonio Maura, sendo fuzilado no Castelo de Montjuich. Em memória do professor anarquista, ergue-se gigante estátua de Ferrer em Praça Pública de Bruxelas - Bélgica.
Nestor Makhno 1889-1934
Camponês russo. Nasceu na aldeia de Gulai-Pole, Ucrânia, e morreu na França. Em 1907 ingressou no movimento anarquista-terrorista. Preso em 1908, acusado da morte de um policial, foi condenado à morte, pena transformada na prisão perpétua em razão da sua pouca idade. Solto pela Revolução Popular em fevereiro de 1917, regressa à Ucrânia e depara com esta região dominada pelos exércitos austríacos, alemães e heltman. No começo de 1918, Makhno e mais seis companheiros, fundaram uma organização de combate e lutaram com determinação varrendo do solo ucraniano as tropas estrangeiras. Não obstante a vitória de Makhno na primeira batalha, a guerra não estava ganha. Trotsky, comandante supremo do exército vermelho, declara guerra a Makhno. Os anarquistas camponeses não aceitavam o seu comando, repeliam a sua ditadura. Trotsky por mais de uma vez preparou atentados contra a vida de Makhno e outras tantas vezes fez acordos com ele, quando se via em dificuldade com os soldados de Wrangel e Denikin. Não obstante as guerrilhas que organizou e dirigiu como um autêntico general, derrotando as forças invazoras, estabeleceu uma organização libertária no campo, realizou assembléias e congressos para tratar dos assuntos de produção e distribuição dos produtos necessários à vida dos camponeses daquela região. No verão de 1921, quando os exércitos vermelhos de Trotsky tiveram certeza de que os generais czaristas tinham sido aniquilados pelos Makhnovistas, e já não ofereciam nenhum perigo, atacaram traiçoeiramente Makhno, desrespeitando todos os pactos anteriormente feitos e fuzilaram muitos dos seus "soldados". Obrigado a refugiar-se em território Romeno, Nestor Makhno, passou de "herói nacional" à "bandido"... E só lhe restou buscar exílio na França.
Buenaventura Durruti 1898-1936
Anarquista espanhol, destemido homem de ação. Nasceu em 1898 e foi assassinado em 1936, no começo da Revolução Espanhola. Sobre sua morte correm diversas versões, mas a maioria converge para um atentado bolchevista; o seu prestígio no comando revolucionário incomodava a G.P.U de Stálin. Bem jovem, destacou-se na luta social - chegando rapidamente ao topo da ação violenta. Foi preso e condenado muitas vezes, expulso outras tantas e percorreu praticamente a América Latina de ponta a ponta. Da França foi reclamado pelos governos espanhól e argentino, acusado de ter assaltado bancos naqueles países, para obter fundos destinados a propaganda. Uma campanha popular evitou a sua extradição, isto é, adiou a medida, pouco depois convertida em expulsão, juntamente com Ascaso e Jover. Obrigado a regressar à Espanha, por não poder aceitar as condições que a Rússia bolchevista lhe impunha para conceder asilo político, acaba preso mais uma vez. Em 1933 esteve envolvido no movimento anarcossindicalista que estalara em Aragón e novamente é encarcerado, desta vez por pertencer ao Comitê Revolucionário. Em junho de 1936, bateu-se nas barricadas em Barcelona, e à frente de uma Coluna de milicianos anarquistas, venceu e tomou o quartel de Aratazanas.
Voltairine de Cleyre 1869-1912
Nasceu em Michigan, e faleceu em Chicago, América do Norte. Educada num convento católico no Canadá, não foi obliterada na sua descendência. Filha de pai francês, livre-pensador, possuía arquétipos que ao sair do Colégio, antes de 20 anos, fizeram de Voltairine ardorosa defensora da liberdade sem adjetivos limitadores. E com o desenrolar dos acontecimentos de 1° de maio de 1886, fez-se anarquista, dedicando-se à propaganda com bravura. Podia ter vendido caro a sua pena e a sua inteligência, mas preferiu conservar a integridade do mais precioso do seu ser, a sua independência moral e intelectual, muitas vezes à custa da miséria extrema, quando não ganhava escassamente o seu pão com lições de Francês, Inglês e Música. Sua vida foi a sua principal obra, porque tendo tido inteligência e cultura para muita coisa mais do que discursos de propaganda, poesias e artigos, dispersos pelas publicações anarquistas e do livre pensamento, nunca pode levar a cabo obra literária ou sociológica em livro. Por suas idéias anarquistas, Voltairine de Cleyre, conheceu os horrores das prisões americanas, mas nem os rigores dos cárceres, nem as perseguições das autoridades lhe alteraram a conduta ou dobraram a invencibilidade da grandeza de seu caráter.
Max Stirner 1806-1856
Pseudônimo de Kaspar Schmidt, Max Stirner nasceu e morreu na Alemanha. Professor, abandonou o ensino para não se submeter a regras; dizia... Seu livro mais importante e mais discutido, leva o título: "O Único e sua Propriedade". Nesta obra afirma que "Um homem não tem mais deveres nem mais obrigações do que uma planta ou um animal". E, declara-se: "inimigo mortal do Estado".
Denjiro Kotoku 1871-1911
Denjiro, nasceu em Nakamura e foi enforcado em Tókio por obra e graça de uma trama policial-militar japonesa. Anarquista de convicções seguras, teve grande participação na imprensa libertária da Europa e da América. Tomou parte em congressos ácratas. Publicou a revista AÇÃO DIRETA, e colaborou nas publicações: RELÂMPAGO, AVANTE, em HEIMIU SCHINHUM (Diário do Homem Comum). Traduziu a Conquista do Pão de Kropotkin, e escreveu: SHAKAI SHUGI SHINZUI (Quinta Essência do Socialismo ); SHORAI NO KEISAI SOSHlKI (Sistema Futuro de Economia); JIYO SHISO (Idéia Livre); TEIKOKU SHIGUI (Imperialismo), REKISHI TOKOKUNIN NO HAKKEN (Encontro da História e Nações), KINDAI NIPPON NO KEISEI (Formação do Japão Moderno); KIRISUTO MASSATSURON (Rompimento com Cristo). Denjiro ao ser colhido pela condenação à morte aos 40 anos, deixou muitos trabalhos inéditos. A GRANDE REVOLTA DE 1910 deu origem ao processo que condenou 24 anarquistas à morte. O movimento libertário internacional manifestou-se em defesa dos condenados mas o governo japonês não ouviu. Denjiro Kotoku encabeçou a lista dos primeiros 12 Mártires executados, composto por 9 homens e 3 mulheres. Ei-los: Denjiro Kotuku, sua companheira Suga Banno, Unpei Morichika, Tadao Niimura, Takichi Muyashita, Rikisaku Hurukawa, Kenshi Okumiyra, Seinosuke Ooishi, Heishiro Naruishi, Uichita Matsno, Uichiro Niimi e Gudo Uchiyama. Não obstante o enforcamento dos 12 anarquistas, o governo japonês acabou recuando diante dos protestos internacionais, e os 12 restantes tiveram suas penas convertidas em trabalhos forçados por toda a vida, e alguns destes morreram nas masmorras.
Élisée Reclus 1830-1905
Reclus nasceu em Saint-Foy-le-Grand (França) e faleceu em Bruxelas (Bélgica). Eminente geógrafo, sábio, anarquista ilustre, homem de grandes virtudes, tinha entre as maiores, o saber, a simplicidade, a modéstia. Participou da Comuna de Paris ao lado dos humildes e foi por isso condenado à morte. Indultado em decorrência de um movimento de opinião mundial, sob alegação de que um sábio do estofo intelectual e da grandeza moral de Eliseo Reclus, não cabia dentro das fronteiras geográficas da França. Pouparam-lhe a vida e expulsaram-no do país. Participou ao lado dos mais ativos propagandistas da emancipação do Proletariado - no "Quarto Congresso" da 1º Internacional, realizado em Basiléia, no ano de 1869. Na sua volta ao mundo para escrever a "Nova Geografia Universal", esteve no Rio de Janeiro e em Lisboa, nos últimos anos do século dezenove semeando ali as idéias anarquistas que germinaram rapidamente. "O estudo do homem em todas as épocas e em todos os países - diz Eliseo Reclus no 1° vol. de "0 Homem e a Terra" - demonstra que toda a evolução ao longo da existência dos povos provém do esforço individual. Em cada pessoa humana, elemento principal da sociedade, há de encontrar-se a força impulsiva do meio, capaz de converter-se em ações voluntárias para divulgar idéias e participar na obra que modificará a marcha das nações. O equilíbrio das sociedades só é possível pela dificuldade imposta aos indivíduos no curso de sua expansão. A sociedade livre não pode estabelecer-se senão por meio da liberdade plena, usada no desenvolvimento completo à cada homem, célula principal e fundamental, que se une, associa às demais da nova humanidade. Em proporção direta dessa liberdade e de seu desenvolvimento inicial do indivíduo, as sociedades ganham em valor e nobreza: do homem nasce a vontade criadora que construirá e reconstruirá o mundo". Eis como pensava e escrevia o sábio Eliseo Reclus, geógrafo, anarquista!
George Woodcock 1912-1997
Woodcock nasceu no Canadá. Foi jovem para a Inglaterra e só saiu em 1949 para lecionar em Waslington. Seu relacionamento com anarquistas como Maria Louise Berneri, aproximaram-no das idéias libertárias, tornando-se um dos seus mais importantes escritores. Professor na Universidade de Waslington nunca se afastou das idéias, pelo contrário, cresceu tornando-se, segundo intelectuais de grande erudição "O anarquista completo das letras canadenses: foi poeta, jornalista, crítico, escritor, historiador, editor, comentador, biógrafo e carpinteiro. Escreveu mais de 30 livros, 11 dos quais foram editados por ele. Peter Hughes, professor de inglês na Universidade de Toronto, referindo-se à sua obra dizia: "George Woodcock escreveu mais literaturas do que eu pude ler". "Seu último livro foi WHO KILLED THE BRITISH EMPIRE?. Por aqui (Canadá) é denominado o escritor, o Gentle Anarchist". Algumas das obras de Woodcock foram publicadas em Lisboa e no Sul do Brasil. Aqui L&PM publicou OS GRANDES ESCRITOS ANARQUISTAS e alguns volumes com seleção de textos e biografias de vultos do anarquismo, de autoria de Woodcock. Em Portugal, uma editora lisboeta fez o mesmo, com sua monumental obra: O ANARQUISMO. Woodcock trabalhou o anarquismo no plano intelectual e foi premiado por alguns desses trabalhos que já assustaram muita gente temente a Deus. Numa de suas colaborações nos jornais, mais concretamente em FREEDOM de Londres, desvendou-nos o mistério em torno da figura de Bruno Traven, romancista de tantos sucessos, de quem decorridos 15 anos de sua morte no México ainda se ignorava a sua origem, seu nome de batismo.
Gigi Damiani 1876-1953
Damiani, nasceu na Itália e veio para o Brasil, com Giovani Rossi e outros libertários fundar a Colônia Cecília, no Paraná, em 1890. No ano de 1893, seu nome aparece ao lado de Piero Riva, dirigindo IL LAVOTERO, e no ano de 1898, colaborava com Alfredo Mari, no IL RISVEGLIO. Em 1904, publica O DESPERTAR (em português) com ajuda de J. Buzzitti e ainda era correspondente do semanário anarquista, lançado em S. Paulo por Oresti Ristori, no mês de junho. LA BATAGLIA, como era chamada essa publicação, sacudiu as teias de aranha dos políticos, atraindo Gigi Damiani que veio para S. Paulo em 1918, para intergrar o grupo redator. E achou pouco, ainda foi colaborar com Neno Vasco em A TERRA LIVRE. Com a expulsão de Oresti Ristori, Damiani assumiu a direção de La Bataglia, até 1913. Depois mudou o título para LA BARRICATA com a ajuda de Alexandre Cherchiai. Mas como o jornal ainda assim era muito visado pela polícia, por um acordo com Florentino de Carvalho, apareceu com os títulos: GERMINAL - LA BARRICATA, em português e italiano. Em 1917, Damiani vai colaborar no jornal A PLEBE que chegou a ser diário em S. Paulo, e em 1919, foi expulso para a Itália. Em seu país de novo, começa publicando FEDE, colaborou em GUERRA SOCIALE e UMANITÁ NOVA, chegando a ser seu diretor. Gigi Damiani foi um excelente jornalista, poeta esmerado, escreveu peças de teatro, vários opúsculos e deixou centenas, milhares de textos espalhados por mais de 20 países. José Oiticica, ao saber da morte de Damiani, escreveu em AÇÃO DIRETA do Rio de Janeiro: "Foi este homem honrado, este anarquista incorruptível que o doutor-policial Virgílio do Nascimento expulsou do Brasil em 1919, sem processo (sério) ou culpa formada".
Neno Vasco 1878-1920
Neno Vasco (Gregório Nazianzeno Moreira de Queiroz Vasconcelos) nasceu em Penafiel, e faleceu em S. Romão de Conronada, Portugal. Advogado, jornalista, dramaturgo, escritor, filólogo e poliglota. Abraçou o anarquismo ainda estudante na Universidade de Coimbra, dedicou-lhe toda a sua força física, sua cultura e sua educação. Formado em direito no ano de 1901, emigrou para São Paulo, Brasil, onde residia seu pai. Pouco depois começou a publicar o jornal "O Amigo do Povo", em seguida a revista "Aurora", e por fim, o jornal "A Terra Livre", que morria em 1911, após seu regresso a Portugal. É difícil escolher entre o anarquista expositor de idéias, o culto intelectual, capaz de dar lições de ortografia aos "sábios" da Academia de Letras e a figura humana, o homem simples incapaz de agredir alguém, nem mesmo com palavras. Neno Vasco fora um apóstolo do Socialismo Libertário, um dos mais coerentes homens de idéias, e no Brasil, o mais culto precursor do anarquismo. Escreveu centenas e centenas de artigos, traduziu outros tantos, inclusive poemas e o hino A INTERNACIONAL; as obras: "Da Porta da Europa", "Concepção Anarquista do Sindicalismo"; peças para teatro como: "O Pecado da Simonia", "Greve de Inquilinos", e traduziu textos de autores consagrados internacionalmente. Em homenagem ao homem e suas idéias, foi votado o nome de "Dr. Neno Vasco", a um edifício multifamiliar na cidade de Nova Iguaçu. Seu nome ficou como um monumento na história das lutas sociais do Brasil e de Portugal.
Pa Kyn 1904-1969?
Pa Kyn (LI FEIKAN) nasceu em 1904, na China. Filho da burguesia rural, estudou e contrariou os desejos familiares "convertendo-se" num dos maiores vultos do anarquismo em nosso século. Ao tomar o caminho da li- teratura, adotou o pseudônimo de PA KYN, e em 1958 sua obra foi proposta para o Prêmio Nobel de Literatura. A China vivia uma etapa de reminiscências feudais de extrema rigidez autoritária, querendo anular a revolução políti- co-social. Órfão, ainda jovem, Pa Kyn ficou sob a tutela de seus tios escravocratas, e ao ver seu irmão mais velho suicidar-se por não suportar a opressão, fugiu para Shangai. E foi em Shangai que se relacionou com jovens anarquistas e leu o opúsculo de Kropotkin "Aos Jovens", traduzido para o chinês. Curioso e revoltado com a repressão política e familiar, quis ler todas as obras de anarquistas então traduzidas: de Bakunin, Kropotkin, Reclus, Rocker, Emma Goldman e outros. Depois estudou línguas: russo, polonês, italiano, espanhol, francês, esperanto, e em 1926 foi para Paris. Ali conviveu com Sebastião Faure preparando a Enciclopédia Anarquista (1º Edição), tomou parte nas manifestações em defesa de Sacco e Vanzetti, da jovem Germaine Berton, e escreveu obras monumentais, em número de 14 volumes. Em "O Segredo de Robespierre" e na "A Morte de Marat", traçou o perfil dos ditadores. Em "Ariana" e "Lágrimas", refletia o amor, a juventude idealista, sonhadora, e em "Família", "Primavera", "Outono" e noutras ataca a ganância e o orgulho da burguesia. Voltando a Shangai vê-se proibido, durante 12 anos, de exercer sua profissão pelas "bestas da revolução cultural e outras", sendo então considerado indesejável por ter conseguido invadir a China de Mao com suas idéias anarquistas. Na década de cinqiienta, Pa Kyn correspondia-se com José Oiticica no Rio de Janeiro, cartas que passaram pela mão do autor e hoje estão depositadas no Grupo Projeção. Em 1969 voltou à França, segundo Fontaura, e não viveu muito depois disso.
Florentino de Carvalho 1871-1947
Pseudônimo de Primitivo Raimundo Soares a partir de 1911. Nasceu em Espanha, na província de Oviedo, vindo para o Brasil ainda menino, onde faleceu. Estudou em colégio de padres e foi cabo da Polícia Militar em S. Paulo. Ao raiar do século vinte o acaso colocou-o diante do livro de Kropotkin, "A Conquista do Pão", Folheou-o, comprou-o, leu-o, pediu baixa da polícia e ingressou no Movimento Anarquista Brasileiro no ano de 1902. Perseguido foi para a Argentina e acabou expulso em 1910, sendo retirado dos porões do navio, no porto de Santos, pelos trabalhadores quando seguia rumo à Espanha. Desde então sua atividade constituiu-se em dirigir jornais anarquistas e Escolas Modernas, no Brás, na Moóca e no interior do estado, onde fora professor. Falando das idéias anarquistas, Florentino de Carvalho, dizia: "O anarquismo não é um corpo de doutrinas definitivas e dogmáticas; é um postulado libertário e progressista, que continuamente se enriquece de elementos científicos e concepções filosóficas. A sua essência, sim, é imutável". Com sua morte o Movimento Anarquista do Brasil, ficou mais pobre, perdeu o seu maior expositor do anarquismo. Hoje na rua Comendador Soares, 240, na cidade de Nova Iguaçu, existe um edifício com o seu nome, e recentemente um jovem professor paraibano defendeu tese sobre a vida e obra do anarquista Florentino de Carvalho.
Eugen Relgis 1895-1987
Eugen (Singler) Relgis, nasceu na Romênia e faleceu no Uruguai. Anarquista dos mais cultos que passaram pelo movimento ácrata, Eugen Relgis, era também um pacifista de grande lucidez, conhecido mundialmente. Ao longo dos seus 92 anos de vida, escreveu alguns dos mais belos e profundos estudos sociológicos em versos e prosa, do nosso século. Vítima do nazi-fascismo e do comunismo, saiu da Romênia fixando-se no Uruguai. Na década de cinqüenta veio ao Rio de Janeiro, para se encontrar com o Professor José Oiticica em busca de tradutor e editor para suas obras em português. No Uruguai, Eugen Relgis fez parte do grupo que tinha a seu cargo um valioso acervo anarquista enviado da Europa. Foi arquivado num prédio, na BAIA (Uruguai) mas durante a ditadura, neste país que já foi chamado de Suíça da América do Sul, a polícia assaltou o local, roubou tudo e lacrou a porta. Com muitas dificuldades escapou do arrastão policial... Relgis contava, entre seus amigos mais íntimos, Romain Roland, Albert Einstein, Georg F. Nicolai e outros homens sábios de renome internacional. Seu falecimento chegou a ser anunciado, mas ele mesmo nos avisou, com sua letra miudinha: "ESTOU VIVO!" Entre as suas inúmeras e valiosas obras, publicadas em vários idiomas, constam-se: "Diário do Outono e Melodias do Silêncio (poesias); Corações E Motores; A Paz do Humanismo E Socialismo; Albores da Liberdade; O Homem Livre Frente à Barbárie; Humanismo e Eugenia; O Que é Humanismo (esta com mais de 40 edições em muitos países); Han Riner; Gerg Fr. Nicolai - Un Sabio y Un Homem del Porvir, e muitas mais...
Fábio Luz 1864-1938
Fábio (Lopes dos Santos) Luz, nasceu em Valença - Estado da Bahia. Médico, professor, inspetor escolar, escritor, jornalista, acadêmico, higienista, Fábio Luz foi também um anarquista íntegro. Seu pai, "escrivão e depois administrador de rendas" registrava em nome do governo - as vendas de trabalhadores escravos em leilões públicos. Esta prática amparada e regulada pelas leis monarquistas, tocou profundamente o jovem estudante, e desde então nunca mais acreditou em nenhum tipo de governo. Fábio Luz foi dos primeiros brasileiros a abraçar o anarquismo ainda no século dezenove, e fê-lo com tanta convicção, com tanta fé, que viveu e morreu anarquista. Como médico, sua vasta clientela era de trabalhadores a quem atendia de graça, e como inspetor escolar e higienista, levou para a escola os trabalhos manuais, as caixas escolares, a festa da árvore, filmes educativos e seus livros dedicados e adaptados ao ensino, desmistificaram o patrioteirismo, os heróis guerreiros e tantos outros idos negativos à mente do estudante, abrindo novos horizontes, aos alunos do Colégio Pedro II. Como militante anarquista, escrevendo na imprensa diária, semanária e periódica, nas obras que nos deixou: "Os Emancipados", "Ideólogos" e tantas outras, ou em suas conferências e cursos de sociologia proferidos nos sindicatos, o libertário estava presente de corpo e alma. Foi dos maiores batalhadores ácratas que o Brasil já teve.
Eugéne Lanti 1879-1947
Eugéne Lanti ou Eugéne Adam, anarquista-esperantista teve a boa idéia de fundar a S.A.T (Associação Anacionalista Mundial) em 1921, para pregar: "UMA HUMANIDADE, UMA LÍNGUA!" Lanti foi quem principiou a clarear a visão de que o anarquismo teria uma imensa projeção na medida em que seus militantes adotassem o Esperanto para se comunicar por sobre as fronteiras convencionais. E com esta convicção sensibilizou muitos jovens franceses, como Gilbert R. Ledon, desde a década de cinqüenta no Brasil, anarquista e esperantista defensor e divulgador da língua internacional que teve em Zamenhof seu criador e em Lanti o mais poderoso "motor de propulsão". Lanti faleceu no seu "refúgio" no México, mas sua obra ainda produz impacto como o "Manifesto dos Cidadãos do Mundo", de onde se reproduz: "Em dois séculos a Santa Inquisição, ou seja o fanatismo religioso, ou seja a idéia de Deus, queimou três milhões de hereges. Em apenas dez anos (1935-1945), o Nacionalismo, ou seja o Patriotismo, imolou cinquenta milhões de vidas humanas. O Nacionalismo, ou seja o Patriotismo o mais sanguissedento dos ídolos do nosso tem po. Combatamo-lo sem tréguas, em prol de um mundo só, sem fronteiras".
Sebastian Faure 1858-1942
Nasceu em Saint Étienne e faleceu em Royan, França. Sebastião Faure foi seminarista, abandonando a carreira religiosa por morte do pai. Mais tarde, num encontro com a realidade, abraçou o anarquismo, fez-se pregador, defendeu heroicamente a doutrina libertária. "Milhões de seres humanos - diz Faure - trabalham 10 a 12 horas diárias, em odiosas condições, em troca de um salário insuficiente. Milhões de velhos que, durante uns vinte e cinco, trinta e quarenta anos, laboriosamente têm formado a riqueza pública e edificado fortunas particulares, estendem as mãos calosas e descamadas aos transeuntes, ou solicitam a sua entrada para os asilos. Milhões de crianças encantadoras e inocentes que precisam de alimento e da cultura indispensáveis. Milhões de seres vigorosos e belos vão procurar trabalho e, sem encontrar morrem na miséria. Milhões de jovens são arrancados ao campo, à oficina, à família e aos seus amores, na previsão de matanças, incompreensíveis e criminosas. Milhões de desgraçados a quem a miséria, a ignorância e a opressão forçam fatalmente a infringir a lei feita contra eles, gemem nos cárceres e nos presídios. Toda a pessoa inteligente e de coração deve querer que isto termine". Faure foi o idealizador, o coordenador, o pai da "Enciclopédia Anarquista" - 1º edição em francês, 4 vols. Com Louise Michel fundou "Le Libertaire", em 1895, e é autor de "A Dor Universal", "Doze Provas da Inexistência de Deus", "Resposta a um Crente" e "Meu Comunismo", etc... Sebastian Faure foi professor, escritor, anarquista. Suas conferências atraíam muita gente, e teve grande importância sua Escola-Laboratório "La Ruche", uma experiência pedagógica - anarquista, (1904-1917), em Rambonillet. Sobre esta escola (que Antônio Bernardo Canelas quis implantar no Brasil, com o nome A Colméia), vale a pena ler "Breve" Bibliografia Sull Espeirenza de La Ruche", de M. P. Stimith, Milão, 1990.
Sacco e Vanzetti
Nicola Sacco (operário sapateiro) e Bartolomeo Vanzetti (operário peixeiro) nasceram na Itália. Sonhando com uma vida melhor emigraram para América do Norte em 1908, carregando a força da juventude e a cabeça cheia de sonhos. Pouco depois o ministro da Justiça, A. Mitchell Palmer, faz publicar nota na imprensa "sugerindo" deportações de todos os agitadores estrangeiros. Na calçada fronteiriça ao Ministério da Justiça de Nova Iorque, fora encontrado o cadáver do anarquista Andrea Salsedo, esfacelado, após alguns dias de prisão ilegal. Por essa época, a polícia de South Braintree, também procurava os assassinos do pagador e do guarda da fábrica "Slater e Morrill Shoc cc. ", que no dia 15 de abril de 1920 fora vítima de um assalto rendendo para os criminosos 15.000 dólares. A Câmara legislativa de Massachussets, votou uma recompensa de 25.000 dólares por ordem do Governador Coolidge, para quem descobrisse e apresentasse os assaltantes à polícia. A "Slater e Morrill" dobra a oferta tentadora. Num abrir e fechar de olhos, apareceram centenas e centenas de candidatos ao prêmio, todos queriam a recompensa. A maioria dos acusadores carregavam ódio ao estrangeiro, semeado pela imprensa desde a guerra 1914-18. Sacco e Vanzetti, haviam sido presos em Brockton, na noite de 5 de maio de 1920, por um policial que encontrou-os organizando uma manifestação de protesto contra a prisão e morte dos anarquistas Roberto Elia e Andrea Salsedo. Em poucos dias, os dois anarquistas são envolvidos numa trama de perseguições políticas, para pagar pela agitação nos Estados Unidos. E num abrir e fechar de olhos, Sacco e Vanzetti foram transformados em assassinos do guarda e do pagador da fábrica "Slater e Morrill" e acusados pelo promotor público Katzmann. Formaram-se então os processos nº 5.545 e 5.546 da Justiça Pública do Estado de Massachussets, que viriam a condenar à morte os dois anarquistas. Apresentaram-se 59 testemunhas, todas dispostas, a receber o prêmio de cerca de 30.000 dólares, a afirmar que viram Sacco e Vanzetti roubar e matar. Impulsionado pela vontade de condenar o anarquismo, o Juiz Thayer antecipou a condenação de Sacco e Vanzetti afirmando: "Os jurados podem recusar-se acreditar nas testemunhas de defesa, mesmo que estas sejam mais numerosas que as de acusação e podem basear seu veredito de culpabilidade, sobre a única crença numa só das testemunhas de acusação". A farsa jurídica pode levar os operários à cadeira elétrica, durou 7 anos e dias, os anarquistas, o proletariado e os homens liberais de todo o mundo, manifestaram-se em favor de Sacco e Vanzetti, mas a sentença foi ditada pela boca do Juiz Webster Thayer: "O Tribunal decide condenar Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti a sofrer a punição da morte pela passagem de uma corrente elétrica através de seus corpos, na semana que principiará no Domingo, 10 de agosto, no ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil novecentos e vinte e sete. Esta é a sentença prevista na lei. "A execução teve lugar a 22 de agosto de 1927, - ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo" - com a responsabilidade do governador Alvan T. Fuller, juiz Webster Trayer e do promotor Katzmann. Sobre o assassinato destes dois anarquistas escreveram-se muitos livros, alguns autores ganharam fama, fortuna, e um filme corre mundo refletindo a tragédia de Sacco e Vanzetti. Cinqüenta anos depois desse crime o governador de Massachussers, na presença da família de Nicola Sacco, proclama publicamente que os dois anarquistas italianos eram inocentes do crime pelo qual foram condenados à morte. A justiça americana gastou 50 anos para "descobrir"a verdade! E os criminosos Juiz Webster Trayer e o promotor Katzmann ficaram impunes!
Leon Tolstói
Escritor russo dos mais notáveis. Para uns, anarquista cristão, e para outros, um místico que substituiu Deus pela Humanidade. Tolstói, tal como os anarquistas, atacava o Estado, o militarismo e advogava a implantação de uma sociedade de irmãos baseada no apoio mútuo. Nunca fez profissão de fé revolucionária, e parece, não ter acreditado na revolução das armas, por isso muitos o classificam como individualista libertário, um dos maiores pacifistas do seu tempo. Morreu anti-clerical, fiel às suas convicções libertárias, pacifistas.
Edgar Rodrigues
Pesquisador de história social, escritor e historiador autodidata, nascido no norte de Portugal em 1921, naturalizado brasileiro. Filho de um militante anarcossindicalista português do Sindicato da Construção Civil filiado à CGT, participou da luta contra a ditadura salazarista, tendo-se exilado no Brasil em 1951. No Rio de Janeiro relacionou-se com os velhos militantes anarquistas, entre os quais José Oiticica e Edgard Leuenroth, participando das atividades do movimento e colaborando regularmente na imprensa libertária. Seus primeiros livros: Na Inquisição de Salazar (Rio de Janeiro, 1957) e A Fome em Portugal (Rio de Janeiro, 1958) foram de denúncia da ditadura portuguesa, o que lhe valeu integerar a lista dos autores proibidos em Portugal, país onde só pode voltar após a derrubada do sistema autoritário em 1974. Em 1969, foi um dos presos e indiciados durante a repressão desencadeada pela ditadura militar contra os anarquistas do Centro de Estudos José Oiticica do Rio de Janeiro. A pedido de publicações libertárias do Uruguai, começou a pesquisar a história do movimento operário e das lutas sociais no Brasil, escrevendo dezenas de artigos e livros sobre o assunto. Seus livros Socialismo e Sindicalismo no Brasil (Rio de Janeiro: Laemmert, 1969); Nacionalismo e Cultura Social (Rio de Janeiro: Laemmert,1972); Novos Rumos (Rio de Janeiro: Mundo Livre, 1972) e Alvorada Operária (Rio de Janeiro: Mundo Livre, 1979) são uma das principais fontes documentais para a história do movimento operário e anarquista brasileiro. É também o autor de quatro volumes sobre a história do movimento operário e anarquista em Portugal. Seus trabalhos são um manancial de informação para os pesquisadores da história social do Brasil e de Portugal, podendo-se afirmar que foi um precursor do estudo do movimento operário no Brasil, como foi reconhecido por historiadores como Hélio Silva, Azis Simão e Foot Hardman. No entanto, tratando-se de um pesquisador não-acadêmico, é freqüente sua obra ser utilizada por investigadores universitários que sequer o referenciam como fonte, numa demonstração cabal de desonestidade acadêmica. Nas suas atividades de pesquisa percorreu o Brasil recolhendo depoimentos de militantes e seus descendentes, coletando documentos de importantes militantes operários e ativistas anarquistas, constituindo um acervo único da história social brasileira entre 1890-1940. Uma de suas últimas obras é Os Companheiros, em cinco volumes, que reúne biografias de militantes anarquistas e anarcossindicalistas que desenvolveram sua atividade no Brasil é o único dicionário biográfico do movimento operário brasileiro escrito até hoje. Em 1999 publicou o livro Universo Ácrata (Florianópolis), em dois volumes, uma história do movimento libertário internacional. Em 2000, publicou o Pequeno Dicionário de Idéias Libertárias.
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